Em 1964, a Feira de Ciências e Tecnologia - realizada nos Estados Unidos - apresentou ao mundo os
mais recentes avanços e projetos. Apesar do tema
oficial da feira, que durou seis meses, ser “a paz por meio da compreensão”, o
evento é lembrado pela visão futurista arrojada e criativa, um vislumbre da
evolução humana que estava por vir.
Arthur C. Clarke
(1917-2008) já era respeitado como cientista cuja área de especialização era a
comunicação. Sua trajetória foi respeitável. Durante a Segunda Guerra Mundial,
serviu na Royal Air Force como especialista em radares, envolvendo-se no
desenvolvimento de um sistema de defesa por radar, sendo uma peça importante do
êxito na batalha da Inglaterra. Depois, estudou Física e Matemática no King’s
College de Londres. Foi um dos fundadores da British Interplanetary Society que presidiu durante dois períodos.
Nessa época escreveu Interplanetary
Flight (1950) e The Exploration of
Space (1951), obras fundamentais de divulgação dos voos espaciais, mas a
sua contribuição de maior importância foi a concepção do satélite de
telecomunicação. Em outubro de 1945, Clarke publicou na revista inglesa
Wireless World, um artigo no qual
estabelecia que os satélites artificiais poderiam se usados como relays –
estações de repetição – para comunicação entre diversos pontos na superfície
terrestre. Até então nenhum satélite artificial tinha sido lançado, o que iria
ocorrer somente em 1957.
Em seu ensaio, Clarke previu que um dia a
comunicação ao redor do mundo seria factível por intermédio de uma rede de três
satélites geoestacionários que, além de estarem situados a uma altura de cerca
de 36 000 km e espaçados entre si por intervalos iguais, circulariam no plano
do equador terrestre.
Aproximadamente duas décadas mais tarde, em
1964, Syncom 3 se tornou o primeiro satélite geoestacionário a satisfazer a
previsão de Clarke. Nesse mesmo ano, o Syncom 3 foi usado para cobrir os jogos
Olímpicos de Tóquio, quando foi possível acompanhar todos os jogos em tempo
real nos Estados Unidos – esta foi a primeira transmissão de televisão a
atravessar o Oceano Pacífico. Agora, existem centenas de satélites em órbita
permitindo a comunicação de milhões de indivíduos ao redor do globo terrestre.
Em 1954, Clarke propôs que os satélites fossem
utilizados na meteorologia. Hoje não podemos imaginar a previsão do tempo sem
os satélites meteorológicos.
Olhando para trás em relação a estes
desenvolvimentos, em “How the World Was One – Beyond the Global Village” (1992),
Clarke escreveu: “Às vezes, receio que o povo na Terra deixe de considerar a
verdadeira importância das estações espaciais, esquecendo a competência, a
ciência e a coragem daqueles que as tornaram realidade. Com que frequência você
faz uma pausa para pensar que todas as nossas chamadas telefônicas de longa
distância e a maioria dos nossos programas de televisão são transmitidos
através de um ou outro satélite? E com que frequência você dá todo crédito aos
meteorologistas pelo fato de que as previsões do tempo não são mais uma piada
como foram para os nossos avós, mas com acerto por vezes de 99%?”
Com Carl Sagan, Paul
Newman e Isaac Asimov, Clarke participou da criação da Planetary Society –
entidade direcionada para a exploração do espaço, com associados em todo o
mundo – que, além de editar uma revista bimestral – Planetary Report –,
estimula doações aos programas espaciais que, com esse objetivo, vêm realizando
pesquisas na procura de sinais de vida extraterrestre.
Em reconhecimento, o
asteróide 4923 foi batizado com o nome de Clarke, assim como uma espécie de
dinossauro Ceratopsiano, o Serendipaceratops
arthurclarkei, descoberto em Inverloch, Austrália.
Igualmente famoso
como escritor de ficção, uma de suas obras mais conhecidas foi 2001: Uma Odisseia no Espaço, adaptada
para o cinema por Stanley Kubrick em 1968 e é cultuada até hoje.
Arthur C. Clarke
traduziu a grandiosidade das descobertas espaciais na frase dirigida aos
membros da Bristish Interplanetary
Society, Londres, 1946, e que mais tarde reproduziu no “The Challenge of
the Spaceships”, (New York, Harper and Row, 1955): “Nossa civilização não é
mais do que a soma de todos os sonhos das idades anteriores. E tem que ser
assim, pois se os homens deixarem de sonhar, se voltarem as costas às
maravilhas do universo, acabará a história da nossa raça”.
Durante a feira em
Nova York, foi entrevistado e convidado a fazer previsões de como
seria o mundo 50 anos depois, ou seja, em 2014. Arthur assumiu os riscos e, com ironia e competência,
demonstrou uma acurada percepção do comportamento humano, formulando conjecturas
que acabaram por se concretizar ou estão muito próximas de nossa realidade. Genial!
Fonte da imagem:
Google
Fonte da pesquisa: www.eco21.com.br
Por Aline Andra
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