domingo, 24 de março de 2013

Viagem no tempo: maratonas de dança





Em 1929, começava a “Grande Depressão”, o pior período econômico da história dos Estados Unidos. O colapso financeiro da Bolsa de Valores de Nova York assinalado por uma queda brutal no mercado de ações, marcou o fim de uma era de prosperidade e preparou o cenário para a 2ª Guerra Mundial. Milhares de pessoas encontraram-se, repentinamente, sem emprego, sem moradia e meios de sobrevivência. Metade dos bancos e empresas faliram. Todos foram afetados de um jeito ou de outro.  A mendicância e os suicídios aumentaram drasticamente, reforçando o sentimento geral de desolação e desespero.
As maratonas de dança - também chamadas Walkathons - tornaram-se, então, uma das formas mais controversas de entretenimento ao vivo. Descobriu-se, há muito tempo, que a exploração da degradação e sofrimento do ser humano é um negócio rentável. Para quase todos os concorrentes, a participação em uma maratona de dança significava um teto sobre suas cabeças e comida abundante pelo tempo em que eles conseguissem permanecer na competição. Motivos mais do que suficientes. Entretanto, penso que os inescrupulosos patrocinadores do evento miravam algo muito maior – a esperança. O cobiçado prêmio em dinheiro que variava de 1000 a 5000 mil dólares, uma quantia bastante significativa para a época, representava para muitos a diferença entre a vida e a morte.
Os casais, dançarinos profissionais ou amadores, dançavam por dias ou meses até a exaustão total e desistência e esse “espetáculo” atraía multidões. O preço da entrada era de 25 centavos de dólar e a média de público era de 2500 pessoas.
Empresas pagavam aos competidores para que vestissem roupas com cartazes ou frases de propaganda pintadas.
 A primeira maratona de dança foi criada por Alma Cummings que dançou por 27 horas seguidas. A mais longa, em Atlantic City, durou de junho a novembro de 1932  com a marca de exatas 4152 horas e 30 minutos. O valor do prêmio foi de apenas  1000 dólares!
 As regras eram rigorosas e qualquer deslize implicava na desclassificação do casal. Os pés deviam estar sempre em movimento e os joelhos não podiam tocar o chão. Os concorrentes podiam descansar somente 15 minutos a cada hora.  Nesse período eram atendidos por médicos e enfermeiros e tentavam dormir. As mulheres que não acordavam ao sinal de término do descanso eram reanimadas com sais de cheiro e os homens eram mergulhados em água gelada. As refeições eram servidas em altas mesas, sete vezes ao dia e os competidores deviam continuar dançando enquanto comiam.
Uma banda tocava ao vivo durante a noite e um fonógrafo era suficiente para o dia. Comediantes profissionais e um mestre de cerimônia eram contratados para animar a plateia e para causar mais impacto, em horas imprevistas, os casais eram obrigados a participar de corridas ao longo de faixas pintadas no chão do salão, ficavam longos períodos sem assistência médica ou o tempo de descanso era cancelado.
Tamanha pressão provocava em muitos um estado de quase coma ou alucinações. Há também registros de morte.
Nas comunidades, algumas pessoas começaram a fazer campanha contra esses eventos. Igrejas e grupos de mulheres se opuseram tanto por razões morais (a posição dos casais durante a dança) quanto por razões humanitárias (a cobrança para a exposição da inferiorização de outro ser humano). A polícia concluiu que as maratonas atraíam indivíduos indesejáveis para suas cidades.
 No final dos anos 30, as maratonas foram proibidas na maioria dos estados.
Entretanto, se pararmos para pensar, essa prática continua nos dias de hoje sob inúmeros disfarces. Os reality shows e outros programas de televisão onde pessoas são ridicularizadas e/ou diminuídas em sua dignidade por dinheiro são os exemplos mais conhecidos.

As circunstâncias mudam e os motivos também. Alguns são terríveis e incontornáveis, outros são intangíveis e equivocados, mas acho que o que temos em comum, através dos tempos, é a Esperança. Bela em sua grandeza. Ela é o melhor dos motivos. Ainda que seja explorada ou depreciada, a esperança deve ser vital e incomensurável. Somente ela nos redime e justifica e no final das contas é a única que permanece.






























Fonte das imagens: Google
Fontes das pesquisas: www.imegin.com.br
                                      www.mdig.com.br
                                      http://clioaulas.blogspot.com.br
                                     
                                  


Por Aline Andra


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