"Agora essa.
Descobriram que ovo, afinal, não faz mal. Durante anos, nos aterrorizaram. Ovos
eram bombas de colesterol. Não eram apenas desaconselháveis, eram mortais. Você
podia calcular em dias o tempo de vida perdido cada vez que comia uma gema.
Cardíacos deviam
desviar o olhar se um ovo fosse servido num prato vizinho: ver ovo fazia mal. E
agora estão dizendo que foi tudo um engano, o ovo é inofensivo. O ovo é incapaz
de matar uma mosca.
Sei não, mas me
devem algum tipo de indenização. Não se renuncia a pouca coisa quando se
renuncia ao ovo frito. Dizem que a única coisa melhor do que ovo frito é sexo.
A comparação é difícil. Não existe nada no sexo comparável a uma gema deixada
intacta em cima do arroz depois que a clara foi comida, esperando o momento de
prazer supremo quando o garfo romperá a fina membrana que a separa do êxtase e
ela se desmanchará, sim, se desmanchará, e o líquido quente e viscoso escorrerá
e se espalhará pelo arroz como as gazelas douradas entre os lírios de Gileade
nos cantares de Salomão, sim, e você levará o arroz à boca e o saboreará até o
último grão molhado, sim, e depois ainda limpará o prato com pão. Ou existe e
eu é que tenho andado na turma errada. O fato é que quero ser ressarcido de
todos os ovos fritos que não comi nestes anos de medo inútil. E os ovos
mexidos, e os ovos quentes, e as omeletes babadas, e os toucinhos do céu, e,
meu Deus, os fios de ovos. Os fios de ovos que não comi para não morrer dariam
várias voltas no globo. Quem os trará de volta? E pensar que cheguei a
experimentar ovo artificial, uma pálida paródia de ovo que, esta sim, deve ter
me roubado algumas horas de vida a cada garfada infeliz. Ovo frito na manteiga!
O rendado marrom das bordas tostadas da clara, o amarelo provençal da gema… Eu
sei, eu sei. Manteiga ainda não foi liberada. Mas é só uma questão de tempo."
Luis Fernando Veríssimo
Realmente, quanta
injustiça com um alimento tão nutritivo, saboroso e acessível a todos!
O ovo só começou a ser reabilitado na década de 1990, quando vários cientistas apontaram as falhas nas pesquisas mais antigas que concluíam que o seu consumo poderia ser prejudicial. Tudo porque, nos anos 60, descobriram que as altas taxas de colesterol no sangue sinalizavam chances aumentadas de problemas cardíacos. E como o ovo é rico nesta gordura (213 miligramas em cada unidade), passou a ser considerado um dos “culpados” da vez.
Estudos mais recentes apresentaram novas conclusões. Descobriu-se que apenas uma pequena parcela do colesterol sanguíneo provém do que comemos. A maior parte é produzida pelo próprio organismo. Sendo assim, o ovo não só está totalmente absolvido como provou seu alto valor. A lista de qualidades é longa. Todos os nutrientes estão concentrados na gema, justamente a parte mais temida. A amarelinha é fonte de ferro, por exemplo, que é fundamental para evitar a anemia. Também tem altas doses de uma substância chamada colina, que vem sendo apontada pelos pesquisadores como um nutriente importante para o desenvolvimento fetal, além de proteger o cérebro e a memória. Um ovo supre 22,7% de sua necessidade diária de colina. Os cientistas também estão pesquisando o ácido fólico que está concentrado, mais uma vez, na gema. Aliado a outras vitaminas, especialmente a B6, esse nutriente já se mostrou capaz de reduzir os níveis sanguíneos de homocisteína, uma substância que, essa sim, faz muito mal ao coração. Outros estudos provam os benefícios da clara. Um dos seus componentes ajuda a baixar a pressão arterial com a mesma eficácia dos medicamentos usados para essa finalidade. A ingestão regular de ovos também auxilia na prevenção do câncer de mama e minimiza problemas de degeneração macular, principalmente em idosos. Além de tudo isso ainda recebemos um bônus inesperado: a descoberta de que comer ovos no café da manhã, pasmem, ajuda a emagrecer porque eles oferecem uma sensação maior e mais duradoura de saciedade.
Uma única ressalva permaneceu. Algumas pessoas como os diabéticos e aqueles que já sofreram infartos devem realmente obedecer à limitação de três unidades semanais como forma de manutenção de uma alimentação mais balanceada. Para os demais, o ovo está totalmente liberado!
O ovo só começou a ser reabilitado na década de 1990, quando vários cientistas apontaram as falhas nas pesquisas mais antigas que concluíam que o seu consumo poderia ser prejudicial. Tudo porque, nos anos 60, descobriram que as altas taxas de colesterol no sangue sinalizavam chances aumentadas de problemas cardíacos. E como o ovo é rico nesta gordura (213 miligramas em cada unidade), passou a ser considerado um dos “culpados” da vez.
Estudos mais recentes apresentaram novas conclusões. Descobriu-se que apenas uma pequena parcela do colesterol sanguíneo provém do que comemos. A maior parte é produzida pelo próprio organismo. Sendo assim, o ovo não só está totalmente absolvido como provou seu alto valor. A lista de qualidades é longa. Todos os nutrientes estão concentrados na gema, justamente a parte mais temida. A amarelinha é fonte de ferro, por exemplo, que é fundamental para evitar a anemia. Também tem altas doses de uma substância chamada colina, que vem sendo apontada pelos pesquisadores como um nutriente importante para o desenvolvimento fetal, além de proteger o cérebro e a memória. Um ovo supre 22,7% de sua necessidade diária de colina. Os cientistas também estão pesquisando o ácido fólico que está concentrado, mais uma vez, na gema. Aliado a outras vitaminas, especialmente a B6, esse nutriente já se mostrou capaz de reduzir os níveis sanguíneos de homocisteína, uma substância que, essa sim, faz muito mal ao coração. Outros estudos provam os benefícios da clara. Um dos seus componentes ajuda a baixar a pressão arterial com a mesma eficácia dos medicamentos usados para essa finalidade. A ingestão regular de ovos também auxilia na prevenção do câncer de mama e minimiza problemas de degeneração macular, principalmente em idosos. Além de tudo isso ainda recebemos um bônus inesperado: a descoberta de que comer ovos no café da manhã, pasmem, ajuda a emagrecer porque eles oferecem uma sensação maior e mais duradoura de saciedade.
Uma única ressalva permaneceu. Algumas pessoas como os diabéticos e aqueles que já sofreram infartos devem realmente obedecer à limitação de três unidades semanais como forma de manutenção de uma alimentação mais balanceada. Para os demais, o ovo está totalmente liberado!
Fonte da pesquisa:
Por Aline Andra
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