O racismo, sabemos,
existe em todos os continentes e as motivações e consequências são geralmente
catastróficas. Entretanto, nos Estados Unidos, principalmente após a Guerra
Civil (com a libertação dos escravos, através da aprovação da 13ª emenda à
Constituição Americana, normas foram criadas visando à rigorosa discriminação
dos negros), os efeitos da segregação foram ainda mais dolorosos e difíceis de
superar ou mesmo entender.
Por isso, acho que
vale lembrar a coragem de Ruby Bridges, de apenas seis anos, que se tornou um
dos ícones do movimento pelos direitos civis há exatos cinquenta e três anos.
Em 1954, a Suprema
Corte americana ordenou que todas as escolas passassem a aceitar alunos negros.
Esse projeto de integração foi adiado por seis anos até que Ruby e mais cinco
crianças foram submetidos a testes de avaliação e selecionados para admissão em
escolas frequentadas somente por crianças brancas em Nova Orleans. Em 14 de novembro de 1960,
ela teve que enfrentar seu primeiro dia de aula na William Frantz Elementary School, acompanhada por delegados
federais designados para protegê-la de uma multidão de manifestantes que
gritava, balançava os punhos cerrados e a ameaçava de morte. Os outros
alunos foram retirados pelos pais e quase todos os professores se recusaram a
permanecer na escola, menos uma professora chamada Barbara Henry, a mais jovem
contratada, que a ensinou e amparou durante todo o ano letivo numa sala onde as duas permaneciam isoladas e Ruby só comia os lanches levados de casa por medo de envenenamento.
Sua família também
sofreu perseguições. Seu pai foi demitido, o comércio local proibiu a entrada
de qualquer parente e seus avós, meeiros no Mississipi, perderam o
direito às terras. Felizmente também houve a interferência dos solidários e
simpatizantes à causa do “Não ao preconceito” e, segundo consta, toda a exacerbação
foi gradativamente diminuindo.
Ruby cresceu,
casou-se, teve quatro filhos, trabalhou durante muitos anos como agente de
viagens e ainda mora em Nova Orleans. Sua experiência foi narrada em biografias e teses, virou pintura famosa exposta na Casa Branca e filme. Em 1999, criou, juntamente com sua antiga
professora, a Fundação Ruby Bridges que, além de combater o racismo, trabalha
com inclusão social. Seu objetivo é promover e expandir “a tolerância, respeito
e valorização de todas as diferenças”. Descrevendo a missão do grupo, ela diz: “o
racismo é uma doença de adulto e temos de parar de usar nossos filhos para
espalhá-la.”
Fonte das imagens e pesquisa:
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