quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O grande ditador (The great dictator)





Muitos o consideravam um demagogo, mas é inegável que Charles Chaplin enriqueceu a História do Cinema com personagens inimitáveis e suas mensagens.
Em O grande ditador (1940), seu primeiro filme falado e o mais lucrativo, ele critica o nazismo e o fascismo em uma sátira inesquecível, genialmente abrindo um espaço para a contestação - segundo Mikhail Bakhtin, filósofo e pensador russo, "existe sempre um elemento de medo, de fraqueza, de resignação, de mentira e de intimidação na seriedade. Já o riso pressupõe que o medo foi dominado, não impondo nenhuma interdição ou restrição. Assim, o cômico engloba um elemento de vitória sobre o temor inspirado por todas as formas de poder, por tudo que oprime e limita."
Devido a sua paródia explícita de Adolf Hitler e da posição humanitária do discurso final, ele foi acusado de ser comunista pelos movimentos anticomunistas que surgiram no contexto da Guerra Fria, motivo suficiente para abalar sua reputação e lhe causar muitos problemas.
Para que sua atuação ficasse perfeita, Chaplin passou várias horas, durante dois anos, na frente do projetor, estudando e analisando todo o material audiovisual que conseguiu localizar sobre a vida de Hitler. Com o roteiro pronto, teve a preocupação de atribuir nomes aos seus personagens que se relacionassem diretamente com os reais. Assim, Adolf Hitler é Adenoid Hynkel, Goebbels é Garbitsch - do inglês garbage, que significa lixo –, Mussolini é Napaloni e Göring é Herring. Nem mesmo a suástica, símbolo oficial do III Reich, foi perdoada, sendo transformada na dupla cruz.
Além de Hynkel, Chaplin também fez o papel de um barbeiro judeu. Em nenhum momento do filme o seu nome é revelado e é dessa forma que os demais personagens se reportam e se referem a ele. No entanto, são nítidas as semelhanças com o famoso personagem de Chaplin - Tramp, o Vagabundo (para nós, Carlitos) -, o chapéu de feltro, os grandes sapatos, as calças compridas e folgadas, acompanhadas de um paletó apertado.
Enquanto Chaplin rodava as primeiras cenas, Hitler invadia a Polônia e iniciava a Segunda Guerra Mundial. Somente após 559 dias, o filme estava terminado, integralmente financiado por Chaplin. A demora na finalização deveu-se ao seu caráter perfeccionista: ele repetia várias vezes a mesma cena e chegava a refilmar algumas, mesmo depois de prontas.
Chaplin chegou a confessar que se soubesse das verdadeiras atrocidades cometidas nos campos de concentração não teria tido coragem para filmar O grande ditador.
Um grande artista com uma história de vida das mais interessantes, um filme empolgante que vale a pena rever e cuja mensagem, a propósito, continua atual.






Por Aline Andra






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