Perguntais-me como
me tornei louco.
Aconteceu assim:um dia, muito tempo antes
de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo e notei que todas
as minhas máscaras tinham sido roubadas
- as sete máscaras
que eu havia confeccionado
e usado em sete
vidas -e corri sem máscara pelasruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres
riram de mim e alguns correram
para casa, com medo
de mim.E quando cheguei à praça
do mercado, um garoto trepado no telhado de uma
casa gritou: "É um louco!".
Olhei para cima, para
vê-lo.
O sol beijou pela
primeira vez minha face nua.Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e
minha alma inflamou-se de amor pelo sol,
e não desejei mais minhas máscaras. E, como num
transe, gritei:
"Benditos,
benditos os ladrões
que roubaram minhas
máscaras!"Assim me tornei louco.
E encontrei tanto
liberdade como segurança em minha loucura:
e a segurança de
não ser compreendido, pois aquele desigualque nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
Khalil Gibran (1883-1931)
Por Aline
Andra
Um arrepio foi tomando conta de mim à medida que prosseguia na leitura destes fantásticos versos e, enquanto isso acontecia, o tempo foi passando, os dias, os anos... Ah! Meu tempo de Gibran, Sidarta, O lobo da Estepe, Fernão Capelo Gaivota...
ResponderExcluirMuito obrigado por esta maravilhosa viagem que sua postagem me proporcionou, Aline!