Estudiosos divergem
quanto à origem do termo Carnaval. Para
uns, a palavra vem de carrum navalis, os carros navais que faziam a abertura
das Dionisías Gregas nos séculos VII e VI a.C. Uma outra versão é a de que a
palavra Carnaval surgiu quando Gregório I, o Grande, em 590 d.C. transferiu o
início da Quaresma para quarta-feira, antes do sexto domingo que precede a Páscoa.
Ao sétimo domingo, denominado de "qüinquagésima" deu o título de
"dominica ad carne levandas", expressão que teria sucessivamente se
abreviado para "carne levandas", "carne levale",
"carne levamen", "carneval" e "carnaval", todas
variantes de dialetos italianos (milanês, siciliano, calabres, etc..) e que
significam ação de tirar, quer dizer: "tirar a carne." A terça-feira
(mardi-grass), seria legitimamente a noite do carnaval. Seria, em última
análise, a permissão de se comer carne antes dos 40 dias de jejum da Quaresma.
Considerado um dos
eventos mais animados e representativos de todo o mundo, o Carnaval é uma festa popular que surgiu ainda na
Antiguidade. Sua história começa há mais de 4 mil anos antes de Cristo, no
antigo Egito, com as festas de culto a Ísis. Eram relacionadas a acontecimentos
religiosos e rituais agrários, na época da colheita de grandes safras. Desde
essa época as pessoas já pintavam os rostos, dançavam e bebiam.
Na antiga Babilônia,
duas festas possivelmente originaram o que conhecemos como Carnaval. As Saceias eram uma festa em que um
prisioneiro assumia durante alguns dias a figura do rei, vestindo-se como ele,
alimentando-se da mesma forma e dormindo com suas esposas. Ao final, o
prisioneiro era chicoteado e depois enforcado ou empalado.
O outro rito era
realizado pelo rei nos dias que antecediam o equinócio da primavera, período de
comemoração do ano novo na região. O ritual ocorria no templo de Marduk, um dos primeiros deuses
mesopotâmicos, onde o rei perdia seus emblemas de poder e era surrado na frente
da estátua. Essa humilhação servia para demonstrar a submissão do rei à
divindade. Em seguida, ele novamente assumia o trono.
O que havia de comum
nas duas festas e que está ligado ao Carnaval era o caráter de subversão de
papéis sociais: a transformação temporária do prisioneiro em rei e a humilhação
do rei frente ao deus. Possivelmente a subversão de papeis sociais durante o Carnaval,
como os homens vestirem-se de mulheres e vice-versa, tenha suas origens nessa
tradição mesopotâmica.
Havia ainda em Roma as Saturnálias e as Lupercálias. As primeiras ocorriam no solstício de inverno, em dezembro, e as segundas, em fevereiro, que seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Tais festas duravam dias, com comidas, bebidas e danças. Os papeis sociais também eram invertidos temporariamente, com os escravos colocando-se nos locais de seus senhores, e estes se colocando no papel de escravos.
Durante os Carnavais
medievais por volta do século XI, no período fértil para a agricultura, homens
jovens que se fantasiavam de mulheres saíam nas ruas e campos durante algumas
noites. Diziam-se habitantes da fronteira do mundo dos vivos e dos mortos e
invadiam os domicílios, com a aceitação dos que lá habitavam, fartando-se com
comidas e bebidas, e também com os beijos das jovens das casas.
Durante o
Renascimento, nas cidades italianas, surgia a Commedia dell'arte, teatros improvisados cuja popularidade ocorreu
até o século XVIII. Em Florença, canções foram criadas para acompanhar os
desfiles, que contavam ainda com carros decorados, os trionfi. Em Roma e Veneza, os participantes usavam a bauta, uma capa com capuz negro que
encobria ombros e cabeça, além de chapéus de três pontas e uma máscara branca. Datam
dessa época três grandes personagens do Carnaval. A Colombina, o Pierrô e o
Arlequim tem origem na Comédia Italiana. O Pierrô é uma figura ingênua,
sentimental e romântica. É apaixonado pela Colombina, que era uma caricatura
das antigas criadas de quarto, sedutoras e volúveis. Mas ela é a amante de
Arlequim, rival do Pierrô, que representa o palhaço farsante e cômico.
Mas tais festas eram
pagãs. Com o fortalecimento de seu poder, a Igreja não as via com bons olhos.
Nessa concepção do Cristianismo, havia a censura da inversão das posições
sociais, pois, para a Igreja, ao inverter os papéis de cada um na sociedade,
invertia-se também a relação entre Deus e o Demônio. A Igreja Católica buscou
então enquadrar tais comemorações. A partir do século VIII, com a criação da
quaresma, tais festas passaram a ser realizadas nos dias anteriores ao período
religioso. A Igreja pretendia, dessa forma, manter uma data para as pessoas
cometerem seus excessos, antes do período da severidade religiosa.
O carnaval chegou ao
Brasil a partir do século XIII, quando os portugueses trouxeram a brincadeira
do entrudo (palavra que vem do latim
e que significa “início, abertura da quaresma”) , típica da região de Açores e Cabo Verde, que consistia em um
jogo em que as pessoas sujavam umas as outras com tintas, farinha, ovos e água.
Mais precisamente, o entrudo desembarcou no
Brasil em 1641, na cidade do Rio de Janeiro. Assim como em Portugal, era uma
festa cheia de inconveniências da qual participavam tanto os escravos quanto as
famílias brancas. Após insistentes intervenções e advertências da Igreja
Católica, os banhos de água suja foram sendo substituídos por limões de cheiro,
esferas de cera com água perfumada ou água de rosas e bisnagas cheias de vinho,
vinagre ou groselha. Esses frascos deram origem ao lança-perfume, bisnaga ou
vidro de éter perfumado de origem francesa. Criado em 1885, chegou ao Brasil
nos primeiros anos do século XX. Também substituindo as grosserias, vieram então
as batalhas de flores e os desfiles em carros alegóricos, de origem europeia.
Uma das figuras mais marcantes da festa é a do
Rei Momo, inspirada nos bufos, atores portugueses que costumavam representar
comédias teatrais para divertir os nobres. Há também o Zé Pereira, tocador de
bumbo que apareceu em 1846 e revolucionou o carnaval carioca.
Tem origem portuguesa e, tendo sido esquecido no começo do século XX, deixou como sucessores os ritmistas que acompanhavam os blocos dos sujos tocando cuíca, pandeiro, reco-reco e outros instrumentos.
Tem origem portuguesa e, tendo sido esquecido no começo do século XX, deixou como sucessores os ritmistas que acompanhavam os blocos dos sujos tocando cuíca, pandeiro, reco-reco e outros instrumentos.
As máscaras e fantasias começaram a ser
difundidas aqui ainda na primeira metade do século XIX. O primeiro baile de
máscaras do Brasil foi realizado pelo Hotel Itália, no Largo do Rocio, RJ. A
ideia logo virou um hábito e contagiou a cidade. Mas, apesar de ser uma maneira
sadia e alegre de se brincar o carnaval, contribuiu para marcar as já gritantes
diferenças sociais que aqui sempre existiram. O Carnaval dos salões veio para
agradar a elite e a classe emergente do país. O povo ficava do lado de fora,
nas festas ao ar livre. E mesmo com o grande sucesso dos bailes de salão, foi
na esfera popular que o carnaval adquiriu formas genuinamente autênticas e
brasileiras.
Um dos itens mais importantes do carnaval
brasileiro também obedece à evolução histórica. Na falta de um gênero próprio
de música carnavalesca, inicialmente as brincadeiras eram acompanhadas pela
Polca. Depois o ritmo passou a ser ditado pelas quadrilhas, valsas, tangos,
charleston e maxixe, sempre em versão instrumental. Somente em 1880, as versões
cantadas - entoadas por coros - invadiram os bailes. A primeira música feita
exclusivamente para o carnaval foi uma marchinha, "Ó abre alas",
composta para o cordão Rosa de Ouro pela maestrina Chiquinha Gonzaga em 1899 e
inspirada pela cadência rítmica dos ranchos e cordões. Desde então este gênero,
que rapidamente caiu no gosto popular, passou a animar os carnavais cariocas.
Elas sobreviveram por um longo tempo, mas foram substituídas pelo samba, que na
década de 60 passou a ocupar definitivamente o lugar das velhas marchinhas
populares de carnaval nas rádios, nas gravadoras de discos e na recente
televisão.
Fontes das imagens e
pesquisa: www.areliquia.com.br
Por Aline Andra
Excelente pesquisa !!!!! Parabéns pelo esforço de tão belo e completo trabalho !!!!!!! Carinhoso Namastê
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