Ano: 1999 (EUA)
Diretor: Jon Turteltaulb
Atores: Anthony Hopkins, Cuba Gooding Jr., Donald
Sutherland, Maura Tierney
Estou numa fase árida em relação ao cinema. Causa-me espanto perceber que tanta energia e tantos milhões são gastos em filmes sem conteúdo, sem nenhum propósito além de “matar” o nosso tempo (intencionalmente?). E o tempo, coitado, tão generoso e amistoso na sua doação, morre sem entender o motivo de tal desacato.
Enfim, resolvi me reabastecer em terreno conhecido e revi Instinto. Não é possível tecer muitos comentários sobre a história, sem revelar mais que o necessário. Quem já assistiu ao filme sabe que, desde o início, ele já oferece surpresas e um excelente material para reflexão. Anthony Hopkins, intenso e carismático como sempre, constrói um Dr. Ethan Powell com imensa riqueza interior e que, ao desistir de sua condição de “civilizado”, permanecendo na selva e entregando-se ao convívio com os gorilas – objetos de seu estudo como antropólogo – descobre na paz, na contemplação, no sentimento de estar protegido e ser aceito incondicionalmente pelo grupo, o total discernimento sobre a vida em sua essência e sua estreita e inseparável relação instintiva com a natureza.
Isso não significa uma oposição à ciência, mas compreende esta como apenas um meio que poderia ser utilizado para intensificar o viver, sabendo-se que são meras ilusões, desautorizando-a enquanto palavra de verdade, pois o mundo é legítimo em seus enigmas e conflitos insolúveis. A ciência é destronada do trono que ela ocupou após destronar Deus, pois o existencialismo entende que o homem está sobre um abismo sem fundo e sob um céu vazio: lançado ao nada. E esse nada não é aquele niilista, é uma condição humana reconhecida e que, justamente a partir dela, do nada ser, que o homem pode inventar infinitos sentidos para a vida. (Adriel Dutra)
Entretanto, o preço a pagar é muito alto. Tendo sido um cientista conceituado e respeitado pelo mundo acadêmico, passa a ser considerado um homicida desequilibrado e perigoso, um “selvagem”.
Para analisar esta transformação e avaliar sua condição mental, entra em cena o psiquiatra Theo Caulder, numa ótima atuação de Cuba Gooding Jr. Seu personagem tão imaturo em sua necessidade de afirmação e controle, sua arrogante competência e sua rigidez de ideias, sente-se desorientado neste confronto, mas à medida que a relação vai sendo vagarosamente sedimentada, Ethan passa a rever seus conceitos e a sentir a dor da lucidez - a perda das ilusões e das suas expectativas frente à realidade - uma ruptura tão difícil mas necessária para que ele se descubra um homem mais completo e perceba o Existir em toda a sua grandeza.
Por Aline Andra
Achei perfeito a sua resenha: não é tão pequena que não estimule a ver o filme e nem tão grande ao ponto de contar o final. Achei do tamanho ideal.
ResponderExcluirParabéns por mais esta postagem, nos trazendo sempre assuntos diversos e interessantes.
Muito obrigada, E.P.!
ExcluirAbraço forte, Aline.
Gostei muito também!
ResponderExcluirAbraço.
Obrigada por comentar, Fernanda.
ExcluirUm abraço.
Perfeita a sua resenha.Obrigada
ResponderExcluir