sábado, 29 de março de 2014

Serviette - Les Beaux Frères





Les Beaux Frères é um duo franco-canadense de comédia formado por Yohann e Raphaël, malabaristas profissionais de Montreal. Eles já trabalharam no Cirque du Soleil, The 7 Fingers e no Cirque Éloize, mas seu desempenho foi popularizado quando recentemente foi veiculado no programa Le plus grand Cabaret du Monde.
Hilários!




 


 

Por Aline Andra



sexta-feira, 28 de março de 2014

As pessoas de Bruno Walpoth




 

As esculturas extremamente realistas  criadas em madeira por este artista italiano são impressionantes e comoventes. Suas figuras humanas parecem ter sido eternizadas naquele momento mais íntimo consigo mesmas, cujos sentimentos e pensamentos secretos não deveriam ser flagrados.
Quase sinto vontade de pedir desculpas por estar a olhá-las em toda a sua nudez e fragilidade.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 




Fonte das imagens: www.walpoth.com/wood.html 

 

 

Por Aline Andra



quinta-feira, 27 de março de 2014

A menina quebrada - Eliane Brum





Era uma festa. Comemorávamos a vinda de um bebê que ainda morava na barriga da mãe. Eu havia acabado de segurá-la para que ela passasse a pequena mão na água da fonte do jardim. Ela tentava colocar o dedo gorducho no buraco para que a água se espalhasse como tinha visto uma criança mais velha fazer. Parecia encantada com a possibilidade de controlar a água. Tem 1 ano e oito meses, cabelos cacheados que lhe dão uma aparência de anjo barroco e uns olhos arregalados. Com olheiras, Catarina é um bebê com olheiras, embora durma bem e muito. De repente, ela enrijeceu o corpo e deu um grito: “A menina... A menina... Quebrou”. 

Era um grito de horror. O primeiro que eu ouvia dela. Animação, manha, dor física, tudo isso eu já tinha ouvido de sua boca bonita. Aquele era um grito diferente. Não parecia um tom que se pudesse esperar de alguém que ainda precisava se esforçar para falar frases completas. Catarina estava aterrorizada. “A menina... A menina...” Ela continuava repetindo. Olhei para os lados e demorei um pouco a enxergar o que ela tinha visto em meio a tanta gente. Uma garota, de uns 10, 12 anos, talvez, com uma perna engessada. “Quebrou...” Catarina repetia. “A menina... quebrou.”

Ela não olhava para mim, como costuma fazer quando espera que eu esclareça alguma novidade do mundo. Era mais uma denúncia. Pelo resto da festa, ela gritou a mesma frase, no mesmo tom aterrorizado, sempre que a menina quebrada passava por perto. Nos aproximamos da garota, para que Catarina pudesse ver que ela parecia bem, e que os amigos se divertiam escrevendo e desenhando coisas no gesso, mas nada parecia diminuir o seu horror. Os adultos próximos tentaram explicar a ela que era algo passageiro. Mas ela não acreditava. Naquele sábado de janeiro Catarina descobriu que as pessoas quebravam. 

Eu a peguei, olhei bem para ela, olho no olho, e tentei usar minha suposta credibilidade de madrinha: “A menina caiu, a perna quebrou, agora a perna está colando, e depois ela vai voltar a ser como antes”. Catarina me olhou com os olhos escancarados, e eu tive a certeza de que ela não acreditava. Ficamos nos encarando, em silêncio, e ela deve ter visto um pouco de vergonha no assoalho dos meus olhos. Era a primeira vez que eu mentia pra ela. E dali em diante, ela talvez intuísse, as mentiras não cessariam. Naquela noite, depois da festa, fui dormir envergonhada. 

O que eu poderia dizer a você, Catarina? A verdade? A verdade você já sabia, você tinha acabado de descobrir. As pessoas quebram. Até as meninas quebram. E, se as meninas quebram, você também pode quebrar. E vai, Catarina. Vai quebrar. Talvez não a perna, mas outras partes de você. Membros invisíveis podem fraturar em tantos pedaços quanto uma perna ou um braço. E doer muito mais. E doem mais quando são outros que quebram você, às vezes pelas suas costas, em outras fazendo um afago, em geral contando mentiras ou inventando verdades. Gente cheia de medo, Catarina, que tem tanto pavor de quebrar, que quebram outros para manter a ilusão de que são indestrutíveis e podem controlar o curso da vida. E dão nomes mais palatáveis para a inveja e para o ódio que os queima. Mas à noite, Catarina, à noite, eles sabem.

E, Catarina, você tem toda a razão de duvidar. Depois de quebrar, nunca mais voltamos a ser como antes. Haverá sempre uma marca que será tão você quanto o tanto de você que ainda não quebrou. Viver, Catarina, é rearranjar nossos cacos e dar sentido aos nossos pedaços, os novos e os velhos, já que não existe a possibilidade de colar o que foi quebrado e continuar como era antes. E isso é mais difícil do que aprender a andar e a falar. Isso é mais difícil do que qualquer uma das grandes aventuras contadas em livros e filmes. Isso é mais difícil do que qualquer outra coisa que você fará. 

Existe gente, Catarina, que não consegue dar sentido, ou acha que os farelos de sentido que consegue escavar das pedras são insuficientes para justificar uma vida humana, e quebra. Quebra por inteiro. Estes, você precisa respeitar, porque sofrem de delicadeza. E existe gente, Catarina, que só é capaz de dar um sentido bem pequenino, um sentido de papel, que pode ser derrubado mesmo com uma brisa. E essa brisa, Catarina, não pode ser soprada pela sua boca. Ser forte, Catarina, não é quebrar os outros, mas saber-se quebrado. É ser capaz de cuidar de seus barcos de papel – e também dos barcos dos outros – não como uma criança que os imagina poderosos, de aço. Mas sabendo que são de papel e que podem afundar de repente.

Não, acho que eu não poderia ter dito isso a você, Catarina. Não naquela noite, não agora. Ao lhe assegurar, cheia de autoridade de adulto, que tudo estava bem com a menina quebrada, com qualquer e com todas as meninas quebradas, o que eu dei a você foi um vislumbre da minha abissal fragilidade. Esta, Catarina, é uma verdade entre as tantas mentiras que lhe contei, ao tentar fazer com que acreditasse que eu seria capaz de proteger você. Vai chegar um momento, se é que já não houve, em que você vai olhar para todos nós, seus pais, seus “dindos”, seus avós e tios, e vai perceber que nós todos vivemos em cacos. E eu espero que você possa nos amar mais por isso. 

Essa conversa, Catarina, está apenas adiada. Talvez, daqui a alguns anos, você precise me perguntar como se faz para viver quebrada. Ou por que vale a pena viver, mesmo se sabendo quebrada. E eu vou lhe contar uma história. Ela aconteceu alguns dias depois daquela festa em que você descobriu que até as meninas quebram. Nós estávamos na fila do caixa do supermercado perto de casa, com uma cesta cheia de compras, e havia um homem atrás de nós. Era um homem vestido com roupas velhas e sujas, parte delas quase farrapos. E ele cheirava mal. Poderia ser alguém que dorme na rua, ou alguém que se perdeu na rua por uns tempos. Ficamos com medo de que o segurança do supermercado tentasse tirá-lo dali, ou que a caixa o tratasse com rispidez, ou que as outras pessoas na fila começassem a demonstrar seu desconforto, como sabemos que acontece e que jamais poderia acontecer. Enquanto pensávamos nisso, ele nos abordou. E pediu, com toda a educação, mas com os olhos dolorosamente baixos: “Por favor, será que eu poderia passar na frente, porque tenho pouca coisa?”. 

Quando lhe demos passagem, vimos que o homem não tinha pouca coisa. Ele só tinha uma. Sabe o que era, Catarina? 

Um sabonete. Era o que havia entre as mãos de unhas compridas e sujas, junto com algumas moedas e notas amassadas, como em geral são as notas que valem pouco. Aquele homem, que parecia ter perdido quase tudo, aquele homem talvez ainda mais quebrado que a maioria, porque tinha perdido também a possibilidade de esconder suas fraturas, o que ele fez? Quando conseguiu juntar uns trocados, o que ele escolheu comprar? Um sabonete.

Catarina, talvez um dia, daqui a alguns anos, você volte a me olhar nos olhos e a dizer: “A menina... quebrou”. Ou: “Eu... quebrei”. E talvez você me pergunte como continuar ou por que continuar, mesmo quebrada. E eu vou poder lhe dizer, Catarina, pelo menos uma verdade: “Por causa do sabonete”.








SOBRE A AUTORA:


Eliane Brum é jornalista, escritora e documentarista. Já ganhou mais de quarenta prêmios nacionais e internacionais de reportagem.
Gaúcha, formou-se em Jornalismo pela PUC e logo começou a trabalhar no jornal Zero Hora, em Porto Alegre. Lá ficou por onze anos até ser convidada pela revista Época, em São Paulo, para ser repórter especial e onde está até hoje.
Em sua trajetória pessoal, ela optou por escrever sobre os “desacontecimentos”. Ao que não é entendido como notícia, ou seja, fazer jornalismo sobre a vida comum, tão extraordinária quando valorizada por um olhar atento.



 




 



 

 

Por Aline Andra

 


quarta-feira, 26 de março de 2014

Superpopulação



 

Para quem (como eu) pensou, um dia, na dor e na delícia de se tornar um solitário com o auxílio luxuoso de uma ilha deserta, a notícia não é das mais empolgantes: o planetinha Terra já não está dando conta da quantidade de seus habitantes e até as ilhas, não mais desertas, estão a perder seu charme e fantasia.
Uma delas é a pequena Migingo com apenas dois mil metros quadrados, localizada no Lago Vitória, entre a fronteira do Quênia e de Uganda. Em um amontoado de casas, corpos e almas, as condições de vida são, obviamente, as mais precárias, mas com a inacreditável resistência e capacidade de adaptação dos que aprenderam a sobreviver apesar das circunstâncias, a comunidade possui bares, salão de beleza, farmácia, vários hotéis e bordéis.
Para complicar um pouco mais, os dois países disputam o controle e posse da ilha e das águas próximas por causa das atividades de pesca.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Fonte das imagens e pesquisa: www.mundointeressante.com.br

 

 

Por Aline Andra

 

 

domingo, 23 de março de 2014

Artimanhas da natureza




 
As formigas conhecidas como Potes-de-mel  usam o próprio abdômen como reservatório de alimento para todo o formigueiro, acumulando néctar até não conseguirem mais se mexer. Depois que alimentam as outras formigas, começam a armazenar novamente. Consideradas também um petisco delicioso, são encontradas nas regiões desérticas da África, América do Norte e Austrália.
 

 
 
Em 2010, as enchentes no Paquistão forçaram milhões de aranhas a buscar refúgio em árvores, produzindo estas inacreditáveis redes. 
 

 

 
As fêmeas da abelha Osmia avosetta produzem um aglomerado de pétalas de flores para construir ninhos para suas larvas. Depois de prontos, elas os enchem de néctar e pólen e os lacram, tornando-os impermeáveis. Todo o processo pode durar até dois dias.
 



Para atrair as fêmeas, os baiacus constroem círculos de areia, que além de terem a função de proteger os ovos postos, são verdadeiras obras de arte.
 


 
Milhares de cupins constroem seu lar com controle de temperatura e protegido contra condições climáticas extremas.
 
 

 
O caranguejo se camufla, furando detritos que estão no fundo do mar. Esta mistura de material orgânico e inorgânico acaba criando belos objetos artísticos.

 
Amicta é uma espécie de larva que constrói casulos em madeira.
 
 
O bowerbird, um passarinho de 20 cm, cria ninhos cercados por objetos coloridos.
 

Uma vespa constrói ninhos usando fibras vegetais misturadas com sua saliva, formando uma obra colorida e singular.
 

Estas larvas criam bolsas de proteção, usando pedras, galhos e areia. O artista francês Hubert Duprat utiliza este material inusitado para fazer joias, banhando as peças com ouro, pérolas e pedras preciosas.










Fontes das imagens e pesquisa: http://obutecodanet.ig.com.br
                                                         http://pt-br.facebook.com/vidabiologia

 
                                                      



 Por Aline Andra

 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Do lixo à música





A Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura é o resultado fantástico da iniciativa de pessoas com poucos recursos, mas muita vontade de fazer a diferença e contribuir para um mundo um pouco melhor. Formada por jovens de uma comunidade localizada  numa das zonas mais subdesenvolvidas do mundo e que contém o maior aterro sanitário de Assunção, capital do Paraguai, a Orquestra se apresenta com instrumentos musicais fabricados  a partir de sucatas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tudo começou quando um técnico ambiental, Favio Chávez, foi trabalhar em Cateura em 2004. Músico amador, ele resolveu ensinar a quem quisesse aprender. O interesse foi imediato e com apenas cinco instrumentos para compartilhar, a solução encontrada foi a mais criativa. Com a ajuda do carpinteiro Nicolás Gómez, o material encontrado no lixão se transformou em instrumentos alternativos que já foram exibidos no Museu dos Instrumentos Musicais em Phoenix (Arizona, EUA), ao lado dos pianos de John Lennon e das guitarras de Eric Clapton.
 
 
 
 
 
 
Foram dezenas de concertos mundo afora. O repertório é diversificado: Beethoven, Mozart, Vivaldi, Bach, Henry Mancini, Beatles, Frank Sinatra e músicas regionais.
Uma apresentação perfeita?
Favio responde: “Depende do que você chama de perfeição. Uma Orquestra pode ser perfeita como expressão musical, mas para nós, importa que seja perfeita socialmente falando. Com a música, a criança aprende outras expressões de sensibilidade. Porque, estando numa Orquestra, aprendem a ser solidários, responsáveis, respeitosos.”
O que ele ganha fazendo o que faz?
“O privilégio de mudar vidas. Às vezes, me sinto empunhando uma varinha mágica que realiza sonhos.”
 
 
 
 
 
 
 

O diretor Graham Towsley produziu o documentário Landfill Harmonic (Aterro Harmonico), contando a história da Orquestra.

 
 
 
 
 
 
 
 

Fontes das imagens e pesquisa: http://g1.globo.com
                                                         www.vermelho.org.br
 
 
 

 
 

Por Aline Andra
 

 
 
 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Temporada de sorvete





Com o calor insuportável que está fazendo no Rio de Janeiro, sorvete não pode faltar aqui em casa. Abro as portas com alegria para todas as marcas industrializadas sem ressalvas ou culpa. Adoraria ter uma sorveteira para fazê-los de todos os tipos e sabores e rapidamente, mas na falta da traquitana e de paciência para a sequência interminável bate-leva ao freezer-espera duas horas-bate novamente-leva ao freezer até se obter a consistência ideal...
Daí adorei quando descobri a receita de um sorvete bem diferente, mais saudável e de preparo simples. A originalidade fica por conta do inhame! Sim, aquele mesmo para o qual algumas pessoas torcem o nariz. Já eu sinto a maior simpatia tanto por seu potencial quanto por sua feiura. Para saber mais sobre suas propriedades e benefícios, clique aqui .
O resultado é excelente porque o inhame age como um perfeito emulsificante, garantindo a cremosidade do sorvete.


INGREDIENTES:

Versão Vegana:

-1/2 kg de inhame
- 1 xícara de melado
- 500 ml de creme de leite de soja
- 1 colher de chá de café solúvel (opcional)


Versão lacto-vegetariana:

- 500 kg de inhame
- 2 latas de leite condensado
- 500 ml de creme de leite fresco
- 1 colher de sobremesa de baunilha (opcional) ou 1 colher de chá de café solúvel (opcional)


MODO DE FAZER:

- Descasque o inhame e cozinhe em água até ficar macio. Espere amornar e coloque no liquidificador com os outros ingredientes. Bata até ficar homogêneo. Coloque em um pote e leve para o freezer por, no mínimo, doze horas. Antes de servir, retire  do freezer e deixe na geladeira por alguns minutos. 


Esta é a base. Depois é só incrementar com tudo o que vier à imaginação: raspas de chocolate ao leite ou meio amargo, nozes, avelãs, castanhas, gengibre, doce de leite, geleias ou frutas (menos mamão), suco de beterraba ou cenoura, manjericão, tahine com folhas de hortelã, etc...






Por Aline Andra