quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Viagem no tempo: Alice no País das Maravilhas

 
Aos 9 anos

Alice Liddell era filha do reitor do Christ College, em Oxford (Inglaterra), onde Lewis Carroll – cujo verdadeiro nome era Charles Dodgson – lecionava matemática.

Alice tinha personalidade rebelde e sonhadora, contrária às regras e imposições familiares e sociais da época, o que chamou a atenção de Carroll. Tornando-se amigo da família, ele teve oportunidade de participar da vida das irmãs Liddell e, em especial, da vida de Alice (na época com 9 anos). Fotógrafo amador, ele retratou-a muitas vezes. A foto acima - “Menina Cigana” - é a mais conhecida. Nela, Alice está vestida com roupas rasgadas e pés descalços para simbolizar a liberdade que ela gostaria de ter.

Ele era encantado pelas meninas e Alice acabou tornando-se sua musa. Carroll foi muito criativo na relação com as crianças e adorava impressioná-las, enviando a elas cartas malucas e inventando jogos de palavras, trocadilhos... Durante seu convívio, ele contou dezenas de histórias a elas”, diz a presidente da Sociedade Lewis Carroll do Brasil.

Uma dessas histórias foi contada às meninas durante um passeio de barco e, graças a um pedido de Alice, as ideias daquela tarde transformaram-se num manuscrito chamado “Alice’s Adventures Underground” (“As aventuras de Alice no Subsolo”). Posteriormente essa obra foi acrescida de novos capítulos e personagens e desdobrou-se nas duas histórias envolvendo a menina: “Alice’s Adventures in Wonderland” (“Alice no país das maravilhas”) e “Trough the Looking Glass” (“Através do espelho”).

Devido a rumores causados por tão estreita amizade, a família Liddell pediu que Carroll se afastasse de Alice e as cartas enviadas a ela foram destruídas. Viam-se muito raramente e ele enviou-lhe seus livros com dedicatórias nostálgicas.

O manuscrito original, presente de Carroll à Alice, foi vendido por ela num momento de dificuldade financeira por altíssima quantia e atualmente encontra-se na Biblioteca Nacional da Inglaterra.
 
 

 Aos 20 anos
 

Alguns anos mais tarde, Alice conheceu o Príncipe Leopold (filho mais novo da Rainha Vitória). Supostamente houve um romance entre os dois, mas compreensivelmente para a época, um casamento estava fora de cogitação.

 Casou-se com Reginald Hargreaves. Tiveram três filhos, dois dos quais morreram na 1ª Guerra Mundial. Curiosamente, ela chamou seu primeiro filho de Leopold e o Príncipe chamou sua primeira filha de Alice.
 
 
Aos 80 anos
 

Já idosa, publicou suas memórias e participou do centenário de nascimento de Lewis Carroll, seu último compromisso em nome do País das Maravilhas que, segundo ela, não lhe trouxe grandes satisfações por ter que lidar com as expectativas de todos em relação a ela, uma pessoa comum que acabou associada a uma fábula.

Trecho do livro “Alice no País das Maravilhas”:

- “Quem é você?” – Perguntou a Lagarta.
- “Eu... Eu não sei muito bem... A senhora me desculpe, mas no presente momento não tenho muita certeza. Pelo menos, eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então... (...) Receio que não possa me explicar, dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma...”.



 
Por Aline Andra

 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Viagem no tempo: a fotografia

 
A 1ª fotografia de um ser humano - (1838)


Em Paris, Daguerre conseguiu capturar a imagem de uma rua, mas porque o tempo de exposição foi de mais de 10 minutos, o tráfego movendo-se muito rapidamente, não apareceu. Por sorte, foi tempo suficiente para mostrar o homem na parte inferior esquerda, que estava começando a engraxar as botas.
 
 
Algum tempo depois, a Poesia em imagem...
 
 
"Corte de um raio de sol" - (1886)
 
 

 
Por Aline Andra
 
 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A serenata

 
"Despertar" - Eva Gonzalès (1876)
(Óleo sobre tela)
 
 

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com a boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?


 
Adélia Prado



 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

La dolce vita

 
Fonte: Google
 

Os tamborins ainda nem esfriaram e já se fala na Páscoa. A Mídia e o comércio têm lá os seus motivos e eu não pretendo entrar nesses detalhes hoje. Assunto ácido para outro post – quem sabe...

Este é um momento doloroso para os chocólatras irrecuperáveis, categoria na qual me incluo. Não por acaso este Blog é da cor do chocolate. Puro deleite.

É a época de entrar numa loja ou supermercado para fazer uma compra qualquer e enfrentar uma profusão de ovos de Páscoa, bombons, chocolates de todos os feitios e tamanhos, pendurados sobre nossas cabeças, em todos os cantos, tirando-nos a respiração, a vontade de lutar e dando-nos a certeza de que é mais fácil aceitar o destino.

Mesmo ciente da indecente manipulação, digo mesmo, não há determinação que resista ao tal pecado capital. No meu caso, se a tentação vier acrescida de avelãs ou menta, então, o dano é irremediável.

Por isso, imaginem a seguinte situação: estava eu, ainda sob controle, garimpando receitas charmosas nos meus Blogs prediletos, quando me deparei com várias feitas com... Nutella!!! Hã?? Como assim? Nutella in natura já é uma perdição. Degusto às colheradas. Pode ficar melhor?! Pode!

Como ainda não cheguei à idade da sabedoria, entreguei os pontos, certifiquei-me que o marido aprecia mesmo é a minha beleza interior e resolvi experimentar essas receitas e outras mais que ainda vou descobrir.

O importante é ser feliz. O resto é detalhe.

Para quem pensa como eu...

 
 
 
 
Fonte: Google
 
 SORVETE DE NUTELLA

- Ingredientes:

. 3 copos de leite

. 1 copo de Nutella

- Modo de fazer:

. Bater o leite e a Nutella no liquidificador até formar uma mistura homogênea.

. Colocar esta massa em formas de picolé ou em um pote fechado e levar ao freezer por, no mínimo, 3 horas.

Delícia!

Outras receitas, aqui.
 

Curiosa que sou, fui atrás da história da Nutella. Achei-a muito interessante.

Devido ao racionamento imposto no período pós 2ª guerra mundial, havia escassez de cacau, base para a produção do chocolate, tornando-o um produto caro.

Na Itália, numa pequena pâtisserie na cidade de Alba, no Piemonte, Pietro Ferrero teve a ideia de misturar nozes, cacau, avelãs e leite que resultou numa massa sólida que era vendida aos pedaços. Deu-lhe o nome de Giandujot. Por ser econômica, energética e saborosa, alcançou rápido sucesso.

Em 1949, num tórrido verão, o doce começou a derreter e a se transformar numa massa cremosa. Ferrero, então, resolveu colocá-la em potes e vendê-la como produto para passar no pão. Foi renomeada  Supercrema.

Em 1964, o filho de Pietro Ferrero, Michele, melhorou a fórmula tornando-a mais macia e deu-lhe o nome que conhecemos (derivado da palavra inglesa nut=nozes e da palavra italiana nociolli=avelã).
 
Somos todos gratos a este homem visionário.


 
Por Aline Andra
 



domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Rio de Janeiro está pegando fogo...

 
Ai, que calor! A sensação térmica parece ser de 50 graus à sombra. O pior é que não dá mais para desejar uma boa e saudável chuva, como em tempos idos. Lembram-se das tempestades de verão? Chegavam ao cair da tarde, lavando calçadas, árvores, o suor e a alma e iam embora tão repentinamente como vinham. Sem despedidas marcantes. Até porque era certa a volta no dia seguinte.

Agora, ela chega abusada e irreverente, provocando o caos e deixando marcas indeléveis em muitos.
Só nos resta esperar que o Sol tenha pena de nós.
 
 
 
 

Por Aline Andra

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Oscar, Scliar, Martel e o plágio

 
 
 
 

No universo da literatura não são raros os escândalos e embates envolvendo plágio, direitos autorais, etc. Uma polêmica de 10 anos atrás voltou à baila por conta do filme "As aventuras de Pi" (Life of Pi) de Ang Lee - diretor premiado de filmes como "Razão e Sensibilidade", "O tigre e o dragão" e "O segredo de Brokeback Mountain" - concorrente ao Oscar de 2013. O filme foi baseado no livro homônimo de Yann Martel. Em 1981 foi publicado no Brasil, pela L&PM Editores e em 1985 nos Estados Unidos, o livro “Max e os felinos” do autor brasileiro Moacyr Scliar. Vinte anos depois, em 2002, Yann Martel, um autor canadense, escreveu "As aventuras de Pi" (Life of Pi) e ganhou o Booker Prizer, cobiçado prêmio inglês.
 Houve plágio?!
Evidentemente, há semelhanças e  diferenças nos dois relatos. No livro de Scliar, o jovem sobrevivente , fugindo da Alemanha nazista,  está viajando para o Brasil num navio que  transporta animais de um zoológico; no livro de Martel, um indiano está emigrando para o Canadá, também num navio, com sua família que é dona de um zoológico. O tema central - o personagem principal à deriva num barco salva-vidas, no meio do oceano, em companhia de um felino - é o mesmo.
 Conjecturas e dúvidas forçaram um posicionamento dos dois escritores. Moacyr Scliar escolheu um caminho mais elegante e o suposto plagiador, o da atitude ofensiva ao admitir que houvesse se inspirado em "Max e os felinos", segundo ele, "uma boa ideia estragada por um escritor menor",  pasmem!
 Agradecimentos feitos posteriormente  - em prefácio, ele escreveu "a centelha de inspiração devo-a ao Sr. Moacyr Scliar" sem mais explicações - não apagam, a meu ver, tanta petulância.
 Sei do investimento e comprometimento emocional, afetivo, intelectual e até físico de um escritor ao desenvolver uma obra. Sei de suas inquietações, dissabores e busca pelos meandros e armadilhas da linguagem e da imaginação. Sou casada com um escritor que já foi proprietário de uma editora. Logo, também sei que o comportamento pouco ético não foi só de Yann Martel, mas de todos os envolvidos nessa publicação.
 Não estou avaliando a intenção e qualidade das duas obras. Admito-as. Em "Max e os felinos", Scliar faz uma analogia com a ditadura instaurada pelo golpe militar em 1964 no Brasil. Os felinos representam todos os relacionamentos autoritários e despóticos contra os quais Max deve lutar. No livro de Martel, a abordagem é mais espiritual. Questionamentos filosóficos e teológicos são pincelados numa narrativa bem construída.
 O que me aborrece é essa banalização do desrespeito, esse descompromisso com a ética profissional.
Enfim, em seu livro, Yann Martel escreve basicamente sobre a fragilidade e imaturidade do ser humano frente às vicissitudes e exigências da vida. Talvez ele seja o melhor exemplo!


No vídeo abaixo, Moacyr Scliar dá o seu depoimento esclarecedor sobre o assunto em pauta.
 
 
 

 Moacyr Scliar (1937-2011), gaúcho, formado em Medicina, especializou-se no campo da saúde pública como médico sanitarista. Posteriormente, tornou-se doutor em Ciências. Publicou mais de setenta livros. Foi agraciado com vários prêmios literários: Jabuti (1988,1993 e 2009), o da Associação Paulista de Críticos de Arte (1989) e o Casa de Las Américas (1989). Em 2003, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. O autor já teve suas obras traduzidas para doze idiomas.

 

Fonte: Saiba mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Moacyr_Scliar



Por Aline Andra


 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O genial Rubinstein

 
(1887 - 1982)

Este vídeo precioso foi gravado em 1975, durante a apresentação do Concerto para piano nº 2 op º 21 em Fá Menor – II Larghetto de Frédéric Chopin, com a Orquestra Sinfônica de Londres sob a regência de André Previn. Arthur Rubinstein, então com 89 anos e sofrendo de degeneração macular (perda da visão frontal) encerrou sua carreira alguns meses depois.O mundo rendeu-se ao talento deste pianista que, dono de excepcional técnica, preocupou-se, sobretudo, em entender e expressar seus sentimentos e sua emoção através da música como explica com muita naturalidade e carisma na entrevista após o vídeo do Concerto. Vale cada minuto. É um privilégio vê-lo e ouvi-lo tocar e discorrer sobre Arte e o prazer de viver.
 
 
 
 
 
 
"Um artista deve ser único. Um mundo em si mesmo." (Arthur Rubinstein)
 
 
 
Por Aline Andra
  

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A noite e a magia da lavanda

 
 

Quem não tem da infância, a lembrança de um cheiro de lavanda?
Sabonetes, colônias, sachets para perfumar roupas... Ela imperava. Antigamente, acreditava-se mais na eficácia dos aromas, dos chás e infusões, do poder curativo e energético das ervas de modo geral, mas acho que à medida que os quintais e/ou os valores simples foram desaparecendo, essa natural sabedoria, também. Lamento...
 
Para mim, a lavanda está associada a um sono tranquilo e sem pesadelos. Existem piores que aqueles, infantis, quando temores inexplicáveis e sensações estranhas e abissais povoam nossa imaginação?
Quando criança, durante algum tempo, fui sonâmbula. Lembro-me de minha mãe contar que depois de me seguir pela casa – fazendo louváveis esforços para não me acordar - eu costumava ir até minha penteadeira mexer nos objetos que lá ficavam. Abria o vidro da minha colônia preferida (Alfazema, da Phebo), perfumava-me e só então voltava para minha cama. Foi a partir dessa observação e do amor intuitivo maternal que passei a dormir em lençóis imaculadamente brancos (?!) e cheirando à lavanda e sol, depois de secarem no quarador do quintal. O mundo voltava a ter seus encantos...
 
Atualmente, estou tentando cultivá-las. Tem sido difícil. Planta rústica e arisca, cheia de independência. Mas tem valido a pena. Mesmo em pequenos vasos, seu perfume é invasor e envolvente. Principalmente nas madrugadas, quando me sento a seu lado, sozinha no meu jardim, para pensar na vida...
 
 
 
Pesquisei alguns dados interessantes sobre ela: popularmente chamada de lavanda, alfazema ou nardo, originária do Mediterrâneo. Os principais países produtores são a França, Itália e Inglaterra. O óleo essencial da lavanda (do latim lavare = lavar) já era utilizado pelos romanos para a lavagem de roupas, banhos, aromatização de ambientes e como produto terapêutico. Sua gama de propriedades é imensa: analgésico, antidepressivo, antisséptico, bactericida, descongestionante, relaxante e hipotensor.
 
Uma lenda cristã diz que a lavanda, originalmente, não tinha cheiro, mas desde que a Virgem Maria secou as fraldas do menino Jesus sobre as folhas da planta, ela ganhou um perfume celestial.
 
Na era vitoriana, as mulheres a usavam em travesseiros que cheiravam para se recuperarem dos desmaios causados pelos corpetes apertados.
 
Conta-se que na época da Peste os habitantes de Grasse (França) não foram atingidos pela doença devido ao costume de perfumar suas luvas de couro com lavanda.
 
Era também colocada nos beirais das janelas para evitar a entrada de escorpiões e outros insetos.
 
Lendas, curiosidades e propriedades à parte, a simples visão de um campo de lavandas é indescritível. Abaixo, algumas imagens. Podemos nos imaginar lá, sentindo o perfume inigualável, o vento, a chuva, o sol, a lua, o silêncio e a consciência de que vivemos num planeta criado à perfeição.
 
 
 
Fonte das imagens: Google
 
 
Por Aline Andra

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Na ilha por vezes habitada

 
 

Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

 

José Saramago



 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Bonecas encantadas


Não há como não se surpreender com o trabalho de Marina Bychkova, artista figurativa russa-canadense, criadora de lindas bonecas de porcelana.

Esculpidas e pintadas à mão, cada boneca é uma obra de arte. Expressões estilizadas de feminilidade e vulnerabilidade, cada peça é única, articulada e apresentada nua, tatuada ou vestida com traje elegante e personalizado, adornado com pedras preciosas, metais ou bordados.
 
“A razão de amar fazer bonecas é porque se trata de uma forma de arte multidisciplinar. Não estou contente trabalhando em apenas um meio, como pintura ou escultura e bonecas me oferecem uma experiência tátil muito diversificada e satisfatória. Para criar uma boneca, tenho que fazer tudo: escultura, desenho industrial, pintura, gravura, modelagem, desenho, metalurgia, moda e design de joias. Eu quero tudo, ou nada!”.

Sem dúvida, um trabalho primoroso realizado com paixão.


 







 
 
 
 
Por Aline Andra
 
 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O Concerto (Le Concert)

 

Ano: 2009 (Rússia, França, Itália, Bélgica e Romênia).
Diretor: Radu Mihaileanu.
Atores: Alexei Guskov, Dimitri Nazarov, Mélanie Laurent, Miou Miou.

Encantador. Um filme que nos faz rir e chorar quase ao mesmo tempo.
Durante o comunismo, Andreï Filipov, famoso maestro da Orquestra Bolshoi, a maior da Rússia, foi interrompido durante um concerto e acusado de “inimigo do povo”. Diante disso, a orquestra é desfeita e todos passam a viver de biscates e trabalhos inesperados como o do próprio Filipov que passa a ser um faxineiro do Bolshoi. Trinta anos depois ele, casualmente, intercepta um fax convidando a nova orquestra - formada por músicos medíocres - para tocar em Paris. Ele, então, ajudado por seu melhor amigo e pelo homem que o humilhou publicamente, resolve reunir os antigos músicos e sob as piores condições, algumas hilárias, viajam para Paris para essa apresentação. Para isso, exige a participação de uma violinista francesa (Mélanie Laurent, atriz que admiro, mais conhecida por sua atuação em “Bastardos inglórios” de Quentin Tarantino) cujo passado envolve um mistério.
Destaque para a cena final, quando o concerto se realiza com a maravilhosa música de Tchaikovsky. Lindo!
 
 
 
Por Aline Andra

 

No escurinho do cinema...

 

Gosto muito do cinema europeu. Sua aparente simplicidade e despretensão. Bem entendido, não tenho nada contra um bom filme recheado de efeitos especiais, arrasadoras cenas de ação, lutas coreografadas, superproduções mesmerizantes onde diretores e atores oscarizados e botoxizados vendem seu produto em meio a caras e bocas. Acho válido. Muitos ainda me desconcertam e emocionam. Muitos são realmente obras primas e outros tantos, inesquecíveis. Pensando bem, quem gosta mesmo de uma sessão pipoca, acaba tirando proveito de qualquer filme, mas ando meio avessa a excessos. E aí, uma produção europeia cumpre perfeitamente o seu papel. Histórias contadas com honestidade, diálogos interessantes, belas fotografias de lugares e pessoas reais com suas dores, amores, contradições e perplexidades. Às vezes, vão além do simples entretenimento, alcançando e iluminando lugares secretos dentro de nós. E é isso que importa.
 
Por Aline Andra 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Jardinagem de guerrilha






Num mundo tão caótico, cada vez mais incompreensível, tendemos a perder a esperança de mudanças significativas e transformações. E aí...

Eu, aqui do meu casulo, acredito que iniciativas pessoais e pequenos gestos podem fazer a diferença. Senão para o planeta, pelo menos, para algumas pessoas. No desdobramento dessas ações e reações alguma coisa positiva advirá.

O inglês Steve Wheen, inspirando-se na “jardinagem de guerrilha” que consiste num movimento de ativismo político, onde terrenos abandonados ou negligenciados por seus donos legais são utilizados para plantio de culturas alimentares ou decorativas, criou sua versão bem humorada que repercutiu no mundo inteiro: um protesto em forma de arte. Miniaturas de jardins são plantadas nos buracos das ruas e calçadas. Seu comprometimento não é só com a cidadania, apontando o estado de abandono das grandes cidades, mas com a tentativa de criar beleza, um minuto de alegria e felicidade.


Diz ele: “Para mim, isso está tornando algo de péssima qualidade em algo feliz. Pelo menos faz com que as pessoas parem e pensem sobre o ambiente em torno deles e espero que também faça-os desacelerar um pouco. As pessoas hoje em dia estão sempre tão ocupadas que acho que meus jardins podem dar uma acalmada nisso tudo.”

Gostei da ideia. Fiquei pensando que se nós, no Rio de Janeiro, fizéssemos o mesmo, passaríamos a viver numa imensa, colorida e aprazível área verde a perder de vista. Não é tentador?








Fonte das imagens e pesquisa: http://thepotholegardener.com 




Por Aline Andra



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Thiên Thủ Quan Âm

Este é um pequeno trecho do show chinês chamado “Sonho meu”. O tema é sobre Guanyin (deusa da misericórdia) que há muito tem ocupado um lugar único, não só no budismo, mas também na cultura chinesa.

Segundo a lenda, Guanyin, a filha mais nova de um rei, desafiou o pai quando ele procurou um marido para ela. O rei mandou-a para um mosteiro, o que só reforçou sua determinação. Ele, então, ordenou que o mosteiro fosse incendiado e que sua filha fosse executada. Ela foi encontrada sentada, recitando sutras e quando estava prestes a ser decapitada, a espada se partiu em duas e um tigre surgiu repentinamente  levando-a para a floresta. Quando o rei adoeceu, ela cortou os braços e arrancou os olhos em sacrifício. Ele, entristecido, rogou aos céus e Guanyin recebeu braços e olhos aos milhares. Curvando-se diante de seu pai, pediu-lhe permissão para praticar boas ações - os braços e olhos alcançam e compreendem todos os necessitados.

No show, os bailarinos representam a deusa para enviar sua mensagem de amor universal. As mulheres vestidas de branco estão lá para ajudá-los a manter o ritmo, pois são todos surdos.

 

 
 
Por Aline Andra

 

Aedh deseja os tecidos dos céus


Fonte: Google


Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com luz dourada e prateada,
Os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz e da meia luz,
Os estenderia sob os teus pés:
Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos;
Eu estendi meus sonhos sob os teus pés;
Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.

Texto original:

Aedh wishes for the cloths of heaven
Had I the heavens’ embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.




William Butler Yeats



 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Lá em Tão Tão Distante...

 
 

Não consigo pensar em pães caseiros, cheirosos e quentinhos sem lembrar-me de Rosemere. Querida amiga, amorosa mãe e esposa, Mere faz os melhores pães do mundo. De todos os jeitos, sabores e cores. É sempre um momento especial vê-la sovando a massa com mãos fortes e hábeis e aquele brilho nos olhos de quem sente imenso prazer em agradar família e amigos.
Surpreendente e sábia Mere que entendeu, há muito tempo, que ser feliz é ser mulher em sua essência. Sem complicações ou conflitos. Simples assim.
 
Por Aline Andra

À beira do fogão

 
 

Descobri-me cozinheira há poucos anos. Morando sozinha durante muito tempo, não existia desassossego gastronômico. Contentava-me com comidinhas instantâneas, práticas, de preferência prontas. Massas?! Conheço todas. Saladas?! Nada mais me surpreende.
Mas tudo muda e eis que me surgiu... Um Marido!!! Não um marido qualquer, senhoras e senhores, não, longe disso, mas um  que cresceu acostumado com comidas de “sustança”. Avaliei os prós e contras e, artesã que sou, aceitei o desafio. Arregacei as mangas e coloquei mãos à obra. Bem, o esforço tem sido grande. Ainda não sei se os eventuais sucessos devem-se à minha intuição e bom senso ou a um talento consistente. Devo confessar que tenho estudado muito. Livros e Blogs de culinária tem sido de muita ajuda. Conto, também, com o estímulo do marido que possui uma infatigável capacidade de considerar tudo que faço uma obra prima. E saibam, ele é sincero.
Consequências à parte – alguns “quilinhos” a mais -, o saldo tem sido positivo. Divirto-me a maior parte do tempo e aprecio a ideia de expressar sentimentos através de atos e não somente palavras.
Deixo aqui, um trecho do livro “Os passos perdidos”, do excelente escritor cubano Alejo Carpentier e a leveza (?!) de um delicioso vídeo de animação para alimentar a autoestima e o bem estar. Bon Appetit!
“O Sol, metido em cheio nas ruas, ricocheteando nos cristais, tecendo-se em fios inquietos sobre a água dos tanques, pareceu-me tão estranho, tão novo, que para colocar-me diante dele tive de comprar óculos escuros. Em seguida tratei de me dirigir ao bairro do casarão colonial, em cujos arredores devia haver lojas de quinquilharias e antiquários. Ao subir uma rua de calçadas estreitas detinha-me, às vezes, para contemplar os objetos expostos por pequenas casas comerciais, cujo arranjo evocava artesanatos de outros tempos: eram as letras floreadas do Tutilimundi, a Bota de Ouro, o Rei Midas e a Harpa Melodiosa, junto ao Planisfério pendurado num alfarrabista, que girava à mercê da brisa. Numa esquina, um homem abanava a chama de um fogareiro sobre o qual se assava um pernil de bezerro, cravado de alhos, cujas gorduras rebentavam em fumaça acre, sob uma orvalhada de orégano, limão e pimenta. Mais à frente ofereciam-se sangrias e carapinhadas, sobre as gotas de óleo caídas do pescado frito. De súbito, um calor de fogaças mornas, de massa recém-assada, brotou dos respiradouros de um porão, em cuja penumbra labutavam, cantando, vários homens, brancos da cabeça aos pés. Detive-me com deleitosa surpresa. Fazia muito tempo que esquecera essa presença da farinha nas manhãs, lá onde o pão, amassado não se sabia onde, trazido de noite em caminhões fechados, como matéria vergonhosa, tinha deixado de ser o pão que se parte com as mãos, o pão que o padre reparte após benzê-lo, o pão que deve ser tomado com gesto reverente antes de se partir sua casca sobre a grande tigela de sopa de alhos-porós ou de aspergi-lo com azeite e sal, para voltar a encontrar um sabor que, mais que sabor de pão com azeite e sal, é o grande sabor mediterrâneo que já levavam pegado à língua os companheiros de Ulisses.”







Por Aline Andra
 
  

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Haja o que houver - Madredeus

Maravilhosos músicos portugueses cuja proposta, desde o começo do Grupo em 1986, foi sempre a de mostrar - de forma contemporânea -  a sonoridade única da palavra cantada aliada à nostalgia e a saudade do fado.
Em mim, a cada vez que ouço a suavíssima voz de Teresa Salgueiro, a emoção é quase visceral.


 
 
 
 
Por Aline Andra
  
 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

A pintura apaixonante de Waterhouse

 

John William Waterhouse (1849-1917), carinhosamente conhecido como “Nino” na juventude, nasceu em Roma. Seus pais eram pintores ingleses que migraram para a Itália em busca da arte. Enquanto crescia, Waterhouse ajudou seu pai em seu estúdio, onde desenvolveu seu talento para pintar e esculpir. Foi um dos raros artistas que se tornaram populares e tiveram retorno financeiro enquanto estava vivo.Embora muitas vezes classificado como pré-rafaelita por seu estilo e temas, Waterhouse é verdadeiramente um pintor neoclássico. Ele pintou mais de duzentas telas retratando personagens femininas da mitologia clássica, temas históricos e literários.Sua combinação de poesia, mitologia e femme fatale mística é absolutamente notável. Um mestre.
 
 
"The lady of Shallot" (1888)
 Um poema de Tennyson “The lady of Shallot” de 1883, conta a história de uma mulher que sofre de uma maldição e vive isolada numa torre perto do castelo do rei Arthur. Ela está autorizada a ver o mundo exterior através do seu reflexo em um espelho. Um dia, ela vislumbra o belo cavaleiro Lancelot refletido,  não consegue resistir e olha diretamente para ele. Como punição tem que seguir, até a morte, em um barco à deriva cantando sua última canção.




"Psyche opening the golden box" (1903)
 Psyche, a filha de um rei, provocou a ira de Vênus que olhou para ela como uma rival. Vênus instruiu Cupido, seu filho, para infectar o coração de Psyche com o amor por um pária, mas Cupido apaixonou-se por ela e passou a visitá-la todas as noites. Achando que Psyche seria incapaz de resistir à sua beleza, permaneceu invisível e proibiu-a de olhar para ele. Curiosa, Psyche pegou uma lâmpada e, enquanto Cupido dormia, iluminou-o. Assustada com sua beleza, ela deixou que uma gota de óleo quente acordasse o deus. Pela sua desobediência, Cupido partiu. Ela vagueou pela terra em busca de seu amado, enfrentando obstáculos jogados em seu caminho por Vênus até Júpiter se apiedar e torná-la imortal para que se reunisse a Cupido.
 
 
"Ophelia" (1894)
 
"Ophelia lying in the meadow" (1905)
 Ophelia é uma mulher bonita e de mente simples, facilmente moldada pelas opiniões e desejos dos outros. Essa fraqueza de espírito e vontade permitiu a sua obediência ao pai que a usou como isca em seus propósitos, destruindo assim suas chances de amor com Hamlet levando-a à loucura e à morte. Ela estende a mão para a beleza de flores penduradas em um salgueiro e, de alguma forma, se afoga.
 
 
"Pandora" (1896)
 Zeus ordenou a Hefesto, deus do fogo e dos metais, que criasse uma mulher perfeita e que a apresentasse à assembléia dos deuses. Ele o fez, usando água e terra. Os deuses dotaram-na com muitos talentos. Recebeu de um a graça, de outro a beleza, de outros a persuasão, a inteligência, a paciência, a meiguice, a habilidade na dança e nos trabalhos manuais. Ela recebeu o nome de Pandora, que em grego quer dizer “todos os dons”. Quando Prometeu roubou o fogo do céu, Zeus, por vingança, apresentou Pandora a Epitemeu, irmão de Prometeu. Entregou a Pandora uma caixa fechada com a ordem de não abri-la sob nenhuma circunstância. Impelida por sua curiosidade, Pandora levantou a tampa e todo o mal contido espalhou-se pela terra, exceto uma coisa que estava no fundo – a esperança.

 
 
 
Por Aline Andra