Aos 9 anos
Alice Liddell era
filha do reitor do Christ College, em Oxford (Inglaterra), onde Lewis Carroll –
cujo verdadeiro nome era Charles Dodgson – lecionava matemática.
Alice tinha
personalidade rebelde e sonhadora, contrária às regras e imposições familiares
e sociais da época, o que chamou a atenção de Carroll. Tornando-se amigo da
família, ele teve oportunidade de participar da vida das irmãs Liddell e, em
especial, da vida de Alice (na
época com 9 anos). Fotógrafo amador, ele retratou-a muitas vezes. A foto acima
- “Menina Cigana” - é a mais conhecida. Nela, Alice está vestida com roupas
rasgadas e pés descalços para simbolizar a liberdade que ela gostaria de ter.
“Ele era encantado pelas meninas e Alice
acabou tornando-se sua musa. Carroll foi muito criativo na relação com as
crianças e adorava impressioná-las, enviando a elas cartas malucas e inventando
jogos de palavras, trocadilhos... Durante seu convívio, ele contou dezenas de
histórias a elas”, diz a presidente da Sociedade Lewis Carroll do Brasil.
Uma dessas histórias
foi contada às meninas durante um passeio de barco e, graças a um pedido de
Alice, as ideias daquela tarde transformaram-se num manuscrito chamado “Alice’s Adventures Underground” (“As
aventuras de Alice no Subsolo”). Posteriormente essa obra foi acrescida de
novos capítulos e personagens e desdobrou-se nas duas histórias envolvendo a
menina: “Alice’s Adventures in
Wonderland” (“Alice no país das maravilhas”) e “Trough the Looking Glass” (“Através do espelho”).
Devido a rumores
causados por tão estreita amizade, a família Liddell pediu que Carroll se
afastasse de Alice e as cartas enviadas a ela foram destruídas. Viam-se muito
raramente e ele enviou-lhe seus livros com dedicatórias nostálgicas.
O manuscrito
original, presente de Carroll à Alice, foi vendido por ela num momento de
dificuldade financeira por altíssima quantia e atualmente encontra-se na
Biblioteca Nacional da Inglaterra.
Aos 20 anos
Alguns anos mais tarde, Alice
conheceu o Príncipe Leopold (filho mais novo da Rainha Vitória). Supostamente
houve um romance entre os dois, mas compreensivelmente para a época, um
casamento estava fora de cogitação.
Casou-se com Reginald Hargreaves. Tiveram três filhos, dois dos
quais morreram na 1ª Guerra Mundial. Curiosamente, ela chamou seu primeiro
filho de Leopold e o Príncipe chamou sua primeira filha de Alice.
Aos 80 anos
Já idosa, publicou
suas memórias e participou do centenário de nascimento de Lewis Carroll, seu último
compromisso em nome do País das Maravilhas que, segundo ela, não lhe trouxe
grandes satisfações por ter que lidar com as expectativas de todos em relação a
ela, uma pessoa comum que acabou associada a uma fábula.
Trecho do livro “Alice
no País das Maravilhas”:
- “Quem é você?” – Perguntou a Lagarta.
- “Eu... Eu não sei muito bem... A senhora me
desculpe, mas no presente momento não tenho muita certeza. Pelo menos, eu sei
quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes
desde então... (...) Receio que não possa me explicar, dona Lagarta, porque é
justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas mas não
posso explicar a mim mesma...”.
Por Aline Andra
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