quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Viagem no tempo: Alice no País das Maravilhas

 
Aos 9 anos

Alice Liddell era filha do reitor do Christ College, em Oxford (Inglaterra), onde Lewis Carroll – cujo verdadeiro nome era Charles Dodgson – lecionava matemática.

Alice tinha personalidade rebelde e sonhadora, contrária às regras e imposições familiares e sociais da época, o que chamou a atenção de Carroll. Tornando-se amigo da família, ele teve oportunidade de participar da vida das irmãs Liddell e, em especial, da vida de Alice (na época com 9 anos). Fotógrafo amador, ele retratou-a muitas vezes. A foto acima - “Menina Cigana” - é a mais conhecida. Nela, Alice está vestida com roupas rasgadas e pés descalços para simbolizar a liberdade que ela gostaria de ter.

Ele era encantado pelas meninas e Alice acabou tornando-se sua musa. Carroll foi muito criativo na relação com as crianças e adorava impressioná-las, enviando a elas cartas malucas e inventando jogos de palavras, trocadilhos... Durante seu convívio, ele contou dezenas de histórias a elas”, diz a presidente da Sociedade Lewis Carroll do Brasil.

Uma dessas histórias foi contada às meninas durante um passeio de barco e, graças a um pedido de Alice, as ideias daquela tarde transformaram-se num manuscrito chamado “Alice’s Adventures Underground” (“As aventuras de Alice no Subsolo”). Posteriormente essa obra foi acrescida de novos capítulos e personagens e desdobrou-se nas duas histórias envolvendo a menina: “Alice’s Adventures in Wonderland” (“Alice no país das maravilhas”) e “Trough the Looking Glass” (“Através do espelho”).

Devido a rumores causados por tão estreita amizade, a família Liddell pediu que Carroll se afastasse de Alice e as cartas enviadas a ela foram destruídas. Viam-se muito raramente e ele enviou-lhe seus livros com dedicatórias nostálgicas.

O manuscrito original, presente de Carroll à Alice, foi vendido por ela num momento de dificuldade financeira por altíssima quantia e atualmente encontra-se na Biblioteca Nacional da Inglaterra.
 
 

 Aos 20 anos
 

Alguns anos mais tarde, Alice conheceu o Príncipe Leopold (filho mais novo da Rainha Vitória). Supostamente houve um romance entre os dois, mas compreensivelmente para a época, um casamento estava fora de cogitação.

 Casou-se com Reginald Hargreaves. Tiveram três filhos, dois dos quais morreram na 1ª Guerra Mundial. Curiosamente, ela chamou seu primeiro filho de Leopold e o Príncipe chamou sua primeira filha de Alice.
 
 
Aos 80 anos
 

Já idosa, publicou suas memórias e participou do centenário de nascimento de Lewis Carroll, seu último compromisso em nome do País das Maravilhas que, segundo ela, não lhe trouxe grandes satisfações por ter que lidar com as expectativas de todos em relação a ela, uma pessoa comum que acabou associada a uma fábula.

Trecho do livro “Alice no País das Maravilhas”:

- “Quem é você?” – Perguntou a Lagarta.
- “Eu... Eu não sei muito bem... A senhora me desculpe, mas no presente momento não tenho muita certeza. Pelo menos, eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então... (...) Receio que não possa me explicar, dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma...”.



 
Por Aline Andra

 

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