Aqui, faço-me imagem, som e palavra. Aqui, detenho-me, observo e aguço todos os sentidos para apreciar a Vida seguindo seu curso, com toda sua beleza e arte, em detalhes e sutilezas. Aqui, o melhor de mim. Sou Aline.
Com uma coreografia
original e um cenário perfeito, os chineses Yang Liping e Wang Di encenam a
dança de acasalamento do pavão. Belíssimo!
Yang Liping diz que “The Peacock apresenta um maravilhoso
drama de balé, que fala sobre a natureza, a vida, o crescimento, a natureza
humana e do amor, bem como a integração mútua da vida, o natural, o céu e a
terra. Ela flui e desperta no meu corpo, e se manifesta com afluência de
emoções.”
A mãe que brinca alegremente com o filho na praia – 1950
Mulheres afegãs em uma biblioteca pública antes do regime Talibã tomar o poder - 1950
Erika, húngara de
quinze anos de idade, que lutou pela liberdade contra a União Soviética - 1956
A ativista pelos Direitos Humanos Annie Lumpkins na cadeia de Little Rock – 1961
Kathrine Switzer torna-se a primeira mulher a correr a Maratona de Boston, apesar das tentativas de detê-la – 1967
O movimento pelas Libertação das Mulheres em Detroit (EUA) – 1970
Uma policial em Los
Angeles (EUA) cuidando de um bebê abandonado – 1971
Jeanne Manford
marcha com seu filho gay durante a Parada do Orgulho – 1972
Ellen O’Neal, uma
das primeiras skatistas profissionais – 1976
Elspeth Beard
durante sua tentativa de se tornar a primeira mulher inglesa a circunavegar o
mundo de motocicleta numa viagem de três anos – 1980
Anna Fischer, a
primeira “mãe no espaço” – 1980
Uma mulher sueca
batendo em um manifestante neonazista com sua bolsa. Ela teria sido uma
sobrevivente de um campo de concentração – 1985
Armênia de cento e
seis anos protegendo sua casa com uma AK47 – 1990
Sim, incontáveis
mulheres de gerações passadas se empenharam por uma mudança em suas vidas, pelo
reconhecimento de suas capacidades e desejo de realização fora do lar e longe
do jugo masculino. Consequentemente, essas vitórias passaram a ser de todas. E
foram tantos os desdobramentos bem sucedidos desses gestos, atitudes
individuais ou movimentos coletivos que sinto que um limite deixou de ser respeitado. Há algo de confuso e
nebuloso entre o céu e a terra.
Disse Mary Del
Priore, escritora e historiadora que muito admiro, em entrevista à revista Isto é:
“O diagnóstico das
revoluções femininas do século XX é ambíguo. Ele aponta para conquistas, mas
também para armadilhas. No campo da aparência, da sexualidade, do trabalho e da
família houve benefícios, mas também frustrações. A tirania da perfeição física
empurrou a mulher não para a busca de uma identidade, mas de uma identificação.
Ela precisa se identificar com o que vê na mídia. A revolução sexual
eclipsou-se diante dos riscos da Aids. A profissionalização, se trouxe
independência, também acarretou stress, fadiga e exaustão. A desestruturação
familiar onerou os dependentes mais indefesos, os filhos.” “Ocupando cada vez
mais postos de trabalho, a mulher se vê na obrigação de buscar o equilíbrio
entre o público e o privado. A tarefa não é fácil. O modelo que lhe foi
oferecido era o masculino. Mas a executiva de saias não deu certo. São inúmeros
os sacrifícios e as dificuldades da mulher quando ela concilia seus papéis
familiares e profissionais. Ela é obrigada a utilizar estratégias complicadas
para dar conta do que os sociólogos chamam de “dobradinha infernal”. A carga
mental, o trabalho doméstico e a educação dos filhos são mais pesados para ela
do que para ele. Ao investir na carreira, ela hipoteca sua vida familiar ou
sacrifica seu tempo livre para o prazer. Depressão e isolamento se combinam num
coquetel regado a botox.” “No decorrer deste
século, a brasileira se despiu. O nu, na tevê, nas revistas e nas praias
incentivou o corpo a se desvelar em público. A solução foi cobri-lo de creme,
colágeno e silicone. O corpo se tornou fonte inesgotável de ansiedade e
frustração. Diferentemente de nossas avós, não nos preocupamos mais em salvar
nossas almas, mas em salvar nossos corpos da rejeição social. Nosso tormento
não é o fogo do inferno, mas a balança e o espelho. É uma nova forma de
submissão feminina. Não em relação aos pais, irmãos, maridos ou chefes, mas à
mídia. Não vemos mulheres liberadas se submeterem a regimes drásticos para
caber no tamanho 38? Não as vemos se desfigurar com as sucessivas cirurgias
plásticas, se negando a envelhecer com serenidade? Se as mulheres orientais
ficam trancadas em haréns, as ocidentais têm outra prisão: a imagem.” “As mulheres
brasileiras estão adormecidas. Falta-lhes uma agenda que as arranque da apatia.
O problema é que a vida está cada vez mais difícil. Trabalha-se muito, ganha-se
pouco, peleja-se contra os cabelos brancos e as rugas, enfrentam-se problemas
com filhos ou com netos. Esgrima-se contra a solidão, a depressão, as dores
físicas e espirituais. A guerreira de outrora hoje vive uma luta miúda e
cansativa: a da sobrevivência. Vai longe o tempo em que as mulheres desciam às
ruas. Hoje, chega a doer imaginar que a maior parte de nós passa o tempo
lutando contra a balança, nas academias.”
“Em países onde tais
questões foram discutidas, a resposta veio como proposta para o século XXI: uma
nova ética para a mulher, baseada em valores absolutamente femininos. De Mary
Wollstonecraft, no século XVIII, a Simone de Beauvoir, nos anos 50, o objetivo
do feminismo foi provar que as mulheres são como homens e devem se beneficiar
de direitos iguais. Todavia, no final deste milênio, inúmeras vozes se
levantaram para denunciar o conteúdo abstrato e falso dessas ideias, que nunca
levaram em conta as diferenças concretas entre os sexos. Para lutar contra a
subordinação feminina, essa nova ética considera que não se devem adotar os
valores masculinos para se parecer com os homens. Mas que, ao contrário,
deve-se repensar e valorizar os interesses e as virtudes femininas. Equilibrar
o público e o privado, a liberdade individual, controlar o hedonismo e os desejos,
contornar o vazio da pós-modernidade, evitar o cinismo e a ironia diante da
vida política. Enfim, as mulheres têm uma agenda complexa. Mas, se não for
cumprida, seguiremos apenas modernas. Sem, de fato, entrar na modernidade.”
Estas fotografias já
são eloquentes se observadas e organizadas cronologicamente em seus contextos
históricos, mas a meu ver, o que vale ressaltar é a intensidade dos sentimentos
percebidos nos olhos dessas mulheres. Neles, pude captar júbilo, orgulho,
determinação, sofrimento e, sobretudo, um vislumbre do que só posso pensar em
chamar de sentimento de “mais-valia”: uma certeza - no mínimo uma intuição que
só pertence ao universo feminino - da importância fundamental de suas presenças
e atitudes, naquele exato momento, em prol de uma conquista pessoal ou não, de uma afirmação anônima ou não de direitos e deveres.
Ser mulher nunca foi
fácil. Livrar-se de um conceito de criatura frágil e dependente deu trabalho e
exigiu coragem para enfrentar uma mentalidade patriarcal, que boicotava uma nova
forma de pensar e agir contrária à expectativa e a conveniência de ambos os sexos e desde o início dos tempos.
Estas heroínas invisíveis do nunca tão simples cotidiano fizeram a diferença e ajudaram a mudar o mundo.
Guerreira samurai –
últimas décadas de 1800
Uma operária de obra trabalhando no alto de uma construção - 1900
O primeiro
time de basquete do Smith College (EUA) - 1902
Annette
Kellerman foi presa por falta de decoro após usar esta roupa de banho em
público - 1907
Maud Wagner, a
primeira tatuadora dos EUA - 1907
Komako Kimura, uma
sufragista japonesa em uma marcha realizada em Nova York - 1917
Uma mulher
protestando depois da “Noite do terror”, quando trinta e três ativistas do
movimento sufragista foram brutalmente espancadas e presas por “obstrução do
tráfego” - 1917
A enfermeira
da Cruz Vermelha escrevendo o que provavelmente devem ter sido as últimas
palavras de um soldado britânico - 1917
Algumas
mulheres prestando juramento para o US Marine Corps - 1918
Leola N.
King, a primeira guarda de trânsito dos EUA - 1918
Meninas
entregando pesados blocos de gelo na época da guerra, depois que os
trabalhadores do sexo masculino foram convocados - 1918
Gertrude
Ederle, a primeira nadadora a cruzar o Canal da Mancha - 1926
Amelia
Earhart, a primeira a voar sobre o Oceano Atlântico - 1928
Mulheres
treinando boxe em Los Angeles (EUA) - 1933
A fotógrafa Margaret Bourke-White no alto do Chrysler
Building (EUA) - 1934
Sarla
Thakral, a primeira indiana a conquistar uma licença para pilotar - 1936
Mulheres
exibindo as pernas em shorts, pela primeira vez em público, em Toronto, Canadá
- 1937
Membros do
“Exército da Mãe” sendo treinadas durante a guerra na Inglaterra - 1940
Uma mulher
que bebe o chá no rescaldo de um bombardeio alemão durante a blitz de Londres -
1940
Voluntárias
aprendendo a combater incêndios em Pearl Harbor - 1941
Mães
parisienses protegendo seus filhos de franco-atiradores alemães - 1944
Enfermeiras
americanas desembarcando na Normandia - 1944
Simone
Sigouin, dezoito anos, lutou na Resistência Francesa durante a libertação de
Paris - 1944
Uma
holandesa que se recusou a deixar o marido, um soldado alemão, e acompanhou-o
no cativeiro após ter sido capturado pelos soldados aliados - 1944
Pilotos
femininas da 2ª Guerra - 1945
Uma mãe
mostrando a foto de seu filho, prisioneiro de guerra, na tentativa de
encontrá-lo - 1947
Muitos o
consideravam um demagogo, mas é inegável que Charles Chaplin enriqueceu a
História do Cinema com personagens inimitáveis e suas mensagens.
Em O grande ditador (1940), seu primeiro
filme falado e o mais lucrativo, ele critica o nazismo e o fascismo em uma sátira inesquecível, genialmente abrindo um espaço para a contestação - segundo Mikhail Bakhtin, filósofo e pensador russo, "existe sempre um elemento de medo, de fraqueza, de resignação, de mentira e de intimidação na seriedade. Já o riso pressupõe que o medo foi dominado, não impondo nenhuma interdição ou restrição. Assim, o cômico engloba um elemento de vitória sobre o temor inspirado por todas as formas de poder, por tudo que oprime e limita."
Devido a sua paródia explícita de Adolf Hitler e da posição humanitária do discurso final, ele foi acusado de ser comunista pelos movimentos anticomunistas que surgiram no contexto da Guerra Fria, motivo suficiente para abalar sua reputação e lhe causar muitos problemas.
Para que sua atuação ficasse perfeita, Chaplin passou várias horas, durante dois anos, na frente do projetor, estudando e analisando todo o material audiovisual que conseguiu localizar sobre a vida de Hitler. Com o roteiro pronto, teve a preocupação de atribuir nomes aos seus personagens que se relacionassem diretamente com os reais. Assim, Adolf Hitler é Adenoid Hynkel, Goebbels é Garbitsch - do inglêsgarbage, que significa lixo –, Mussolini é Napaloni e Göring é Herring. Nem mesmo a suástica, símbolo oficial do III Reich, foi perdoada, sendo transformada na dupla cruz.
Além de Hynkel, Chaplin também fez o papel de um barbeiro judeu. Em nenhum momento do filme o seu nome é revelado e é dessa forma que os demais personagens se reportam e se referem a ele. No entanto, são nítidas as semelhanças com o famoso personagem de Chaplin - Tramp, o Vagabundo (para nós, Carlitos) -, o chapéu de feltro, os grandes sapatos, as calças compridas e folgadas, acompanhadas de um paletó apertado.
Enquanto Chaplin rodava as primeiras cenas, Hitler invadia a Polônia e iniciava a Segunda Guerra Mundial. Somente após 559 dias, o filmeestava terminado, integralmente financiado por Chaplin. A demora na finalização deveu-se ao seu caráter perfeccionista: ele repetia várias vezes a mesma cena e chegava a refilmar algumas, mesmo depois de prontas.
Chaplin chegou a confessar que se soubesse das verdadeiras atrocidades cometidas nos campos de concentração não teria tido coragem para filmar O grande ditador.
Um grande artista com uma história de vida das mais interessantes, um filme empolgante que vale a pena rever e cuja mensagem, a propósito, continua atual.
Aconteceu assim: um dia, muito tempo
antes de muitos deuses
terem nascido, despertei de um sono
profundo e notei que todas as minhas máscaras
tinham sido roubadas
- as sete máscaras
que eu havia confeccionado
e usado em sete
vidas -e corri sem máscara pelas ruas cheias de
gente, gritando: "Ladrões,
ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres
riram de mim e alguns correram
para casa, com medo
de mim. E quando cheguei à praça do mercado, um
garoto trepado no telhado de uma casa gritou: "É
um louco!".
Olhei para cima, para
vê-lo.
O sol beijou pela
primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o
sol beijava minha face nua, e minha alma
inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais
minhas máscaras. E, como num transe, gritei:
"Benditos,
benditos os ladrões
que roubaram minhas
máscaras!" Assim me tornei
louco.
E encontrei tanto
liberdade como segurança em minha loucura:
e a segurança de
não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende
escraviza alguma coisa em nós.
Despertar o amor
pela literatura não é tão complicado, não está necessariamente vinculado a
outros interesses e é um passo gigantesco em direção a uma melhor formação cultural e espiritual. É impossível não reconhecer que, de alguma forma, a literatura pode interferir consideravelmente nas relações humanas, modificando o social.
Achei este vídeo –
produzido para a televisão americana durante uma campanha de arrecadação de
fundos para compra de livros – simplesmente genial! Uma iniciativa de pouco
mais de um minuto é suficiente para inspirar e incentivar.
“A educação é a arma
mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, disse Nelson Mandela.
Exatamente por isso, mesmo considerando-se as diferenças culturais, o que acontece é que o que deveria ser um direito assegurado e facilitado não o
é...
Estas imagens
mostram o trajeto que, de todas as partes do mundo, muitas crianças devem
enfrentar para chegar à escola.