terça-feira, 14 de maio de 2013

Mangia che ti fa bene


 

 
Em suas diversas formas, a massa tem sido o alimento básico de muitas civilizações desde a Antiguidade. A história da massa inicia-se há aproximadamente 7000 anos. O Homem começou a abandonar a vida nômade e se tornou agricultor, em vez de somente caçar e coletar plantas silvestres, aprendendo através de gerações a trabalhar os cereais  (principalmente o trigo), moendo os grãos, estendendo e cozinhando essa massa sobre uma pedra aquecida. Muitos anos antes do nascimento de Cristo, os gregos e os etruscos já estavam  acostumados a consumir os primeiros tipos de massa.




 
 
 Textos de civilizações antigas relatam que os assírios e babilônios, por volta de 2500 a.C., conheciam um produto semelhante.
Supõe-se que na China, no século I d.C., eram consumidas pelas populações, algumas massas parecidas com talharim e, entre os séculos X e XIII d.C., esses produtos já eram vendidos no comércio.
A primeira referência, mais próxima do Ocidente, do macarrão cozido está no Talmud (o livro das leis judaicas) de Jerusalém no século V a.C.
Na Itália, em 1154, o geógrafo árabe Al-Idrisi, da corte do rei Ruggero II da Sicília, relatou que em Trabia, cerca de 30 quilômetros de Palermo, era produzida uma grande quantidade de macarrão no formato de canudos (tria em árabe). Esta massa era exportada por navio, em barricas, para países muçulmanos e cristãos.
Em 1279, o tabelião genôves Ugolino Scarpa redigiu um testamento em que um velho marinheiro deixava a seus herdeiros uma “bariscela plena de macarronis” ( uma barrica cheia de macarrão). Este registro desacredita a teoria de que o macarrão foi levado para a Itália, desde a China, por Marco Polo, pois ele retornou de sua viagem em 1295, bem antes da data em que foi lavrado o tal testamento.
Por que, então, surgiu a lenda da descoberta do macarrão por Marco Polo na China?
A explicação é curiosa. Marco Polo era sobrinho e filho de poderosos comerciantes de Veneza. Em 1271, aos 17 anos, ele acompanhou o pai e o tio numa expedição ao Oriente. Em 1295, Marco Polo retornou a Veneza e iniciou um livro de aventuras autobiográficas  intitulado “Il Millione”, onde  citou a existência do Sagu, uma planta que era utilizada pelos nativos de Farfur para fazer “mangiari di pasta assai e buoni” (comidas de massas suficientemente gostosas). Não há a menor referência ao trigo e ao macarrão. Entretanto, tempos depois, um editor decidiu explicar melhor o que seria a planta do Sagu e, no rodapé da página, assim a definiu: “Com tal produto se faz uma farinha limpa e trabalhada, que redunda em lasanhas e nas suas variedades, elogiadas e levadas pelo Polo a Veneza em suas malas.”
Pronto! Estava oficializada a confusão!
(Imaginemos, então, quantos equívocos e deturpações históricas e literárias não existem por aí...)
Palermo foi a primeira capital histórica do macarrão, pois nesta cidade, foram encontrados os primeiros registros a respeito da produção de massa seca em escala quase industrial.
Em Nápoles, o macarrão era feito misturando-se massa de semolina (parte do grão de trigo) com os pés. Os masseiros sentavam-se num longo banco e usavam os pés para sovar a massa. O rei de Nápoles, insatisfeito com esse método de produção, contratou um famoso engenheiro da época, Cesare Spadaccini, para melhorar o sistema. O novo procedimento consistia em adicionar água fervente à farinha recém-moída e o sistema de misturar a massa foi substituído por uma máquina feita de bronze que imitava perfeitamente o trabalho feito pelos masseiros.
Em 1740, a cidade de Veneza concedeu a Paolo Adami, uma licença para abrir a primeira fábrica de macarrão. O equipamento consistia numa prensa de ferro puxada por vários homens.
Em 1919, o macarrão passou a ser secado artificialmente, graças a uma invenção da região de Campânia, próxima a Nápoles. Até então, a secagem era feita ao ar livre, o que era dificultado durante períodos  de muita chuva.


 
 
Em sua mais antiga combinação, entravam na receita, além do macarrão, queijo de cabra ralado, pimenta do reino e um ovo frito no topo do prato, que se rompia e se mesclava ao resto. Durante os séculos XII e XIII, entraram em cena o alho e o azeite, tornando o prato ainda mais irresistível.
Versátil, o macarrão ganha na preferência de todos os gostos. Desde a mais tradicional e artesanal de suas receitas, em que a farinha de trigo de trigo e os ovos são sovados para atingir uma mistura lisa e firme até modernas marcas, em que a farinha de trigo de grano duro é misturada a uma série de ingredientes desenvolvidos em laboratório.

 

 

 
 Esta receita é especial! Vi no Eternos prazeres da simpática Renata Boechat e, desde então, passou a ser uma das minhas preferidas. Maravilhosa combinação de sabores!

 

 

 Tagliatelle ao molho de limão siciliano e camarões dourados

 
Ingredientes para duas pessoas:
- 2 gemas de ovo
- 100g de queijo parmesão ralado
- 250 ml de creme de leite fresco
- 50g de manteiga
- suco de 1 limão siciliano
- massa longa
- camarões frescos
- raspas de limão siciliano e ervas para decorar

 Modo de fazer:
Coloque a água para ferver somente com sal para cozinhar a massa.
Misture as gemas, o parmesão, o creme de leite e leve ao fogo baixo, tomando cuidado para não deixar ferver. Adicione o suco de limão.  Retire a panela do fogo e reserve.
Doure os camarões no azeite rapidamente.
Tempere com sal e pimenta branca.
Adicione a manteiga e um pouco do molho à massa quente. Misture bem.
Ao arrumar o prato, salpique ervas de sua preferência sobre os camarões e as raspas de limão  siciliano.

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