Fonte: Google
Desejava, há algum tempo,
começar uma pequena coleção de pequenos objetos. A repetição é proposital
porque a pequenez fazia-se necessária. Pensava em algo que não ocupasse muito espaço,
que se integrasse naturalmente à decoração de algum cantinho de minha casa e
não exigisse grandes investimentos. Na verdade, a motivação estava mais
relacionada ao prazer de “garimpar”, passatempo que adoro.
Locais de venda de
antiguidades não faltam no Rio de Janeiro, dos despretensiosos aos mais
sofisticados. Eu prefiro os brechós e as
pequenas feiras de antiguidades pontuais, onde podemos passear sem compromisso e
totalmente à vontade, num delicioso exercício de observação daquele tumulto
divertido, daquela mistura meio bagunçada e colorida onde, talvez, esteja
escondido o “tesouro” que ainda vamos descobrir. Uma farra para os
olhos e a imaginação!
De chaves antigas a
móveis de estilo, tudo é possível. Perceber essa frágil teia de histórias alheias requer cuidado e respeito. É enriquecedor remexer em cestos e
baús e encontrar, como já me aconteceu, um missal com capa de madrepérola e a
foto de um jovem casal entre as folhas amarelecidas, um pedantif de marcassita,
um livro de poesias com um dedicatória apaixonada, um lindo camafeu de marfim, um
dedal muito antigo com detalhes em relevo, charmosas bolsinhas em malha de metal, espelhos em molduras de prata, relógios de bolso, canetas tinteiro com nomes gravados, brinquedos, cartões postais e tantas outras preciosidades. Fragmentos do tempo...
Objetos valiosos ou
não, isso deixa de ter importância. Fizeram parte da vida de alguém e passam a
ser interessantes para mim, pois acho que todas as vidas são interessantes.
Finalmente, quase
por acaso, comecei a colecionar antigos frascos de perfumes.
Um dos sentidos mais
importantes, o olfato, marca e define uma presença e uma personalidade ainda que
superficialmente, claro. Às vezes até transforma um momento fugaz numa
lembrança inesquecível. Além disso, essas pequenas “joias” são representações
de uma época cuja beleza, riqueza de detalhes e delicadeza já não encontro mais.
Definitivamente,
tenho uma alma vintage.
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