Eric Nepomuceno, escritor e tradutor, já disse que “escrever é o mais solitário de todos os ofícios humanos. Na hora de enfrentar essa grande e devastadora solidão, cada um tem sua própria receita”.
Concordo totalmente. E digo mais, aquele que não conseguir encontrar, dentro de si, esse espaço com suas idiossincrasias inegociáveis, nunca ficará plenamente satisfeito com o resultado de sua obra. Essa “receita” é fundamental para os escritores, assim como são os instrumentos de trabalho para outros ofícios. Exceções feitas, claro, para o escritor-operário que trabalha num escritório, com horários, prazos e encomendas. Mas, neste caso, se trata de outra categoria.
Refiro-me, aqui, aos escritores apaixonados pela busca incessante da palavra perfeita, aquele que procura em si mesmo, no seu tumulto e na sua inquietação, através do exercício da escrita, aquilo que nos explica ou confunde como seres humanos que somos e organiza este material em forma de verso e/ou prosa... Estou pensando numa implosão interna cujos estilhaços e fragmentos transformam-se em personagens em sua inteireza. Autônomos, exigentes e dominadores.
Debater-se nesse mundo interior superpovoado, ultrapassar, de certa forma, os cinco sentidos em busca do entendimento, de uma nova percepção da realidade e mergulhar nessas profundezas, sem defesas ou disfarces, deve ser o primeiro desafio de todo bom escritor. E o último, creio eu, deve ser dotar sua obra de páthos, palavra grega que, dentro de um conceito filosófico, refere-se a "um tipo de experiência humana ou sua representação em arte, que evoca dó, compaixão ou uma simpatia compassiva no espectador ou leitor".
Minha cara-metade repete sempre que “o suor da mente, ninguém vê”. É fato.
Debater-se nesse mundo interior superpovoado, ultrapassar, de certa forma, os cinco sentidos em busca do entendimento, de uma nova percepção da realidade e mergulhar nessas profundezas, sem defesas ou disfarces, deve ser o primeiro desafio de todo bom escritor. E o último, creio eu, deve ser dotar sua obra de páthos, palavra grega que, dentro de um conceito filosófico, refere-se a "um tipo de experiência humana ou sua representação em arte, que evoca dó, compaixão ou uma simpatia compassiva no espectador ou leitor".
Minha cara-metade repete sempre que “o suor da mente, ninguém vê”. É fato.
Talvez por conta dessa entrega ambivalente que consome e extasia, divide e preenche, exige e aquieta, enfim, talvez por isso, os autores necessitem desses rituais, superstições ou métodos aparentemente excêntricos de trabalho, que mostram-se eficientes na medida em que os protegem. De que ? Não sei... Acho que nem eles, tampouco.
De qualquer maneira, quem aprecia literatura, acha sempre interessante saber um pouco sobre o autor por trás da obra.
Garimpei alguns hábitos de escritores famosos durante o processo de escrever. Verdadeiros ou não, nunca saberemos, mas faz com que fiquem mais próximos de nós.
O método escolhido por Victor Hugo (“Os miseráveis”), Lewis Carrol (“Alice no país das maravilhas”), Virgínia Woolf (“Orlando”, “Mrs. Dalloway”), Goethe (“Werther”, “Fausto”) e Ernest Hemingway (“Por quem os sinos dobram”, "O velho e o mar") foi dos mais cansativos. Trabalhavam em pé, muitas vezes durante quase todo o dia. Goethe chegou a encomendar uma escrivaninha de sua altura. Ernest Hemingway colocava sua máquina de escrever em cima de uma alta estante que ele chamava de “mesa de trabalho” e procurava escrever quinhentas palavras por dia. Entretanto, segundo ele, grande parte desse material acabava no lixo.
Alexandre Dumas (“Os três mosqueteiros”, “O conde de Monte Cristo”), uma vez começado o livro, escrevia em papéis coloridos, noite e dia sem parar e sem admitir interrupções até concluir a tarefa.
Victor Hugo
Lewis Carrol
Virginia Woolf
Goethe
Ernest Hemingway
Jorge Luis Borges ("Lua de frente", "O livro de areia") e Aghata Christie ("Assassinato no Expresso do Oriente", "O caso dos dez negrinhos") preferiam escrever dentro de uma confortável banheira.
Alexandre Dumas
Jorge Luis Borges
Aghata Christie
Verlaine
John Steinbeck (“O velho e o mar”, "A pérola") só escrevia a lápis, assim como faz Paul Auster ("Noite do oráculo", "Viagens no Scriptorium") e Pablo Neruda ("Canto geral", Tentativa do homem infinito") conseguia escrever em qualquer lugar e sob qualquer circunstância, mas somente com tinta verde. Durante a Guerra Civil Espanhola, o estoque de tinta verde acabou e o poema em que trabalhava ficou inacabado.
John Steinbeck
Paul Auster
Pablo Neruda
Honoré de Balzac (“A mulher de trinta anos”, “A comédia humana”) não dispensava o café. Ingeria até cinquenta xícaras por dia enquanto escrevia.
Honoré de Balzac
Luis Fernando Veríssimo ("Comédias da vida privada", "O opositor") e Chico Buarque (“Benjamim”, "Leite derramado") tem em comum o hábito de jogar paciência no computador antes de iniciar a tarefa.
Luis Fernando Veríssimo
Chico Buarque
Mark Twain (“O príncipe e o mendigo”, “Aventuras de Tom Sawyer”) não conseguia escrever nem uma linha sequer sem um charuto por perto e James Joyce (“Ulysses”) tinha que comer chocolates.
Mark Twain
James Joyce
Thackeray
Bernard Shaw
Isabel Allende
Truman Capote (“A sangue frio”) não começava a escrever antes de certificar-se de que , no lugar onde pretendia trabalhar, não havia um único inseto. Também costumava deitar-se numa cama ou sofá, com um cigarro e uma xícara de café durante a manhã, chá de menta durante a tarde e martinis à noite enquanto buscava inspiração.
Truman Capote
Samuel Beckett (“Esperando Godot”) tinha que ter diante de si, uma parede totalmente branca e sem manchas.
Samuel Beckett
Vladimir Nabokov (“Lolita”) só escrevia em pequenas fichas que unia com clipes e guardava numa caixa.
William Faulkner ("O som e a fúria", "Palmeiras selvagens") bebia muito whisky antes de escrever. Segundo ele, esse hábito ativava sua produção literária.
Vladimir Nabokov
William Faulkner
Franz Kafka (“A metamorfose”, “O processo”), ao terminar um livro, comia um bolo inteiro de abacaxi.
Franz Kafka
George Orwell (“1984”, “A revolução dos bichos”), antes de escrever algo, atravessava a nado o Canal da Mancha, comia um croissant e tomava um café na França e voltava para a Inglaterra a nado.
E, por último, Gilberto Freyre (“Casa-Grande&Senzala", "Sobrados e Mocambos") nunca manuseou aparelhos eletrônicos. Não tinha nem televisão. Todas as suas obras foram escritas a bico de pena.
Gilberto Freyre
No blog do escritor e jornalista Michel Laub, na seção “Escritores e manias”, há cem depoimentos bem interessantes de autores brasileiros contemporâneos sobre suas peculiaridades e sentimentos relacionados ao ato de escrever. Vale conferir.
Fonte das imagens: Google
Fontes das pesquisas: http://flavorwire.com
Por Aline Andra
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