Já vimos, em algum momento, alguém fazendo experiências ou brincadeiras musicais com copos de vidro. Mas, trata-se de uma arte única, cultivada profissionalmente.
A Harpa de Vidro (Glass Harp) é um instrumento musical idealizado com taças de vidro arrumadas verticalmente, onde cada taça é sintonizada para uma frequência diferente através do preenchimento com água até a altura conveniente. A nota musical desejada é conseguida pelo atrito dos dedos umedecidos do músico ao redor da borda da taça.
Existem poucas referências sobre quando os instrumentos de vidro apareceram pela primeira vez. Foram rastreados historicamente no séc. XII, na China e também no séc. XIV, na Pérsia. Na Europa, as primeiras indicações de músicas com esse instrumento datam de 1492.
Em 1742, o irlandês Richard Pockridge construiu um Órgão Angelical (Angelical Organ) montado com taças de vidro.
Três anos depois, o compositor Wilibald Glück encantou o público europeu com seu Verrillon, um conjunto afinado de taças. Foi o início de uma nova tradição musical.
A sofisticação chegou através de ninguém menos que Benjamin Franklin, que em 1761, criou a Gaita de Vidro (Glass Harmonica). Trabalhando com um soprador de vidro, eliminou a necessidade de ajuste com o preenchimento de água, o conjunto de copos ficou mais compacto e reproduzível, feitos da altura e espessura corretas e encaixados uns nos outros. Montados sobre um eixo e auxiliados por um pedal, foi criado mais um instrumento que conquistou o seu lugar no mundo da música. Mozart, Naumann, Beethoven e muitos outros o utilizaram nas suas composições. Entretanto, este interesse durou pouco. A Gaita de Vidro praticamente desapareceu depois de 1835.
Uma nova encarnação do Órgão Angelical, mais próxima da moderna Harpa de Vidro foi inventada por Bruno Hoffmann que devotou toda a sua vida na busca de reconhecimento e divulgação desse raro instrumento.
A tradição é mantida atualmente por alguns poucos músicos do mundo inteiro. Na Polônia, é cultivada magistralmente pelo Glass Duo (Anna e Szafraniec Arkadiusz).
No vídeo abaixo, o casal apresentou-se tocando uma das músicas mais conhecidas de Sting, acompanhado pela famosa Orquestra Sinfônica de Varsóvia.
Fico impressionada com as possibilidades expressivas e a beleza desse instrumento, aparentemente tão simples, mas que deve exigir uma técnica e uma dedicação absolutas.
Apresentação sutil, requintada e verdadeiramente original.
Por Aline Andra
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