Elenco: Treat Williams, Beverly D'Angelo, John Savage,
Annie Golden, Dorsey Wright, Nicholas Ray
Considerado uma
excelente adaptação do rock-musical do mesmo nome encenado na Broadway em 1967
e criado por James Rado, Gerome Ragni e Galt MacDermot – embora as duas versões
partilhem algumas das canções e nomes de personagens, diferem em vários
aspectos – a bela produção dirigida por Milos Forman (que também admiro por Um estranho no ninho e Amadeus) é um dos melhores retratos da
contracultura hippie com seus aspectos mais sublimes e mais sórdidos e da revolução de costumes dos anos 60. Muitas de suas
canções tornaram-se “hinos” dos movimentos populares anti-Guerra do Vietnã nos
Estados Unidos.
O filme conta a
história de Claude Hooper Bukowski (John Savage), um ingênuo rapaz
(representante da América conservadora) de Oklahoma que foi convocado para a
Guerra do Vietnã. Ao chegar a Nova Iorque para apresentar-se ao exército,
encontra um grupo de hippies com conceitos nada convencionais sobre o
comportamento social e adeptos do pacifismo. Convivendo com eles, Claude também
se apaixona por Sheila (Beverly D'Angelo), uma jovem rica, entediada com os
valores familiares que ela começa a questionar. George Berger (Treat Williams),
o líder do grupo, é o oposto do jovem humilde do interior. Filho de burgueses
tradicionais, inquieto e contestador, acolhe Claude e junto com seus amigos,
tenta convencê-lo a destruir a carta de convocação e a entender os seus ideais
de paz e amor através da vida comunitária desprendida das ideologias políticas.
A orgia, o sexo livre, as drogas, a desestruturação da igreja e da família são
os instrumentos para a afirmação desse novo mundo que querem implantar, como
fica claro na primeira canção do musical “Chegou! Chegou a nova era”.
O final é
surpreendente e trágico, mas o que lhe confere peso e verdade é a crítica
amarga, enfática e não menos atual à sociedade e sobretudo ao governo,
representado pela absurda Guerra do Vietnã. A mensagem é de que, inevitavelmente,
o poder e a máquina governamental acabam por destruir a todos, mesmo aqueles
que não compartilham de suas ideias.
Uma utopia? Certamente.
A nova era não vingou e a luta de toda uma geração, apresentada na sua forma
mais extremada e radical, os hippies, é agora uma página virada na história.
Mas, pelo menos, eles
sonharam e tentaram, não é?
"O resto é silêncio".
Por Aline Andra
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