quinta-feira, 18 de abril de 2013

Hair, o musical



 

 

 Ano: 1979 (EUA, Alemanha Ocidental)
Diretor: Milos Forman
Elenco: Treat Williams, Beverly D'Angelo, John Savage,
              Annie Golden, Dorsey Wright, Nicholas Ray

 

 Revi o filme Hair com uma grande expectativa. Tinha 21 anos quando o vi pela primeira vez e o tempo muda muitas opiniões e emoções, mas não me decepcionei (nem comigo, nem com o filme). Ainda senti a mesma provocação e admiração.
Considerado uma excelente adaptação do rock-musical do mesmo nome encenado na Broadway em 1967 e criado por James Rado, Gerome Ragni e Galt MacDermot – embora as duas versões partilhem algumas das canções e nomes de personagens, diferem em vários aspectos – a bela produção dirigida por Milos Forman (que também admiro por Um estranho no ninho e Amadeus) é um dos melhores retratos da contracultura hippie com seus aspectos mais sublimes e mais sórdidos e da revolução de costumes dos anos 60. Muitas de suas canções tornaram-se “hinos” dos movimentos populares anti-Guerra do Vietnã nos Estados Unidos.
O filme conta a história de Claude Hooper Bukowski (John Savage), um ingênuo rapaz (representante da América conservadora) de Oklahoma que foi convocado para a Guerra do Vietnã. Ao chegar a Nova Iorque para apresentar-se ao exército, encontra um grupo de hippies com conceitos nada convencionais sobre o comportamento social e adeptos do pacifismo. Convivendo com eles, Claude também se apaixona por Sheila (Beverly D'Angelo), uma jovem rica, entediada com os valores familiares que ela começa a questionar. George Berger (Treat Williams), o líder do grupo, é o oposto do jovem humilde do interior. Filho de burgueses tradicionais, inquieto e contestador, acolhe Claude e junto com seus amigos, tenta convencê-lo a destruir a carta de convocação e a entender os seus ideais de paz e amor através da vida comunitária desprendida das ideologias políticas. A orgia, o sexo livre, as drogas, a desestruturação da igreja e da família são os instrumentos para a afirmação desse novo mundo que querem implantar, como fica claro na primeira canção do musical “Chegou! Chegou a nova era”.
O final é surpreendente e trágico, mas o que lhe confere peso e verdade é a crítica amarga, enfática e não menos atual à sociedade e sobretudo ao governo, representado pela absurda Guerra do Vietnã. A mensagem é de que, inevitavelmente, o poder e a máquina governamental acabam por destruir a todos, mesmo aqueles que não compartilham de suas ideias.
Uma utopia? Certamente. A nova era não vingou e a luta de toda uma geração, apresentada na sua forma mais extremada e radical, os hippies, é agora uma página virada na história.
Mas, pelo menos, eles sonharam e tentaram, não é?
 
"O resto é silêncio".



 
 




Por Aline Andra
 
 

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