domingo, 21 de abril de 2013

Origami - A arte de dobrar papel


 

 
 
 
 Quem não fez, na infância, um aviãozinho de folha de caderno escolar para voar manhosamente em direção a um desafeto ou, quem sabe, tímido afeto, um barquinho para libertar em poças de água de chuva nunca dantes navegadas, um chapéu de soldado para lutar em guerras galopantes ou uma gaivota para fazer acrobacias incríveis em céus inexplorados?
Crianças brincando, que utilizavam sem saber, técnicas de uma prática secular: o Origami.
“Todo Origami começa quando colocamos as mãos em movimento. Há uma grande diferença entre compreender alguma coisa através da mente e conhecer a mesma coisa através do tato”. (Tomoko Fuse)
Origami é uma palavra japonesa composta do verbo dobrar (ori) e do substantivo papel (kami). Significa literalmente “dobrar papel”. Tradicionalmente a técnica do Origami exige que nada seja colado, cortado ou desenhado. Os registros sobre sua origem não são claros, embora exista a hipótese de que teria surgido na China desde que o papel foi inventado em 105 d.C por Ts'ai Lun, um oficial da corte, que obteve a primeira folha provavelmente triturando água com retalhos de seda, cascas de madeira e restos de rede de pescar para substituir a dispendiosa seda que se utilizava para escrever.
No Japão, o papel foi introduzido pelos monges budistas coreanos no ano de 610 e os japoneses desenvolveram a sua própria tecnologia usando fibras vegetais extraídas de plantas nativas.
Foram os samurais, no início do séc. 17, os responsáveis pela criação dos primeiros origamis que conhecemos atualmente. O mais interessante é que, ao contrário da visão infantilizada que se tem da tradição da dobradura de papel até o início do séc. 20, o Origami foi praticado como passatempo restrito aos adultos. O alto custo do papel deve ter sido uns dos motivos.
O registro mais antigo sobre dobraduras de papel está num poema de Ihara Saikaku datado de 1680 e as primeiras ilustrações de modelos, nas gravuras Ranma Zushiki, são de 1734. Inicialmente a prática da dobradura era restrita às cerimônias religiosas e festivas. Mais tarde, porém, o papel ficou mais abundante e os origamis tradicionais tornaram-se populares.
A garça japonesa ou tsuru, uma ave considerada sagrada, tornou-se o símbolo de felicidade e longevidade mais conhecido.
Segundo a cultura japonesa, aquele que fizer mil origamis de tsuru teria um pedido realizado, uma crença popularizada pela história de Sadako Sasaki, vítima do atentado nuclear de Hiroshima. A menina, com 2 anos, ainda viveu até os 12 anos quando já com leucemia (doença que abateu milhares de pessoas como consequência da radiação atômica) e hospitalizada, acreditou que se fizesse 1000 tsurus, ficaria curada. Só conseguiu fazer 644. Seus colegas de escola acabaram os restantes para homenagear a memória e pedido de Sadako. As 39 crianças conseguiram mobilizar mais de 3000 escolas no Japão e 9 de outros países e assim juntaram a quantia necessária para a construção do "Monumento das crianças à Paz" (1958), localizado no Parque da Paz, em Hiroshima. Todos os anos, milhares de pessoas visitam o memorial e depositam cadeias de tsurus dobrados em sua base. Cada um deles é uma oração e um desejo pela paz.


 

Até 1960, a técnica do origami era imutável e os modelos reproduzidos anonimamente eram transmitidos verbalmente de geração para geração.
Uchiyama Koko foi o primeiro a patentear suas criações. A partir daí, houve uma explosão de interesse por essa habilidade e duas vertentes surgiram: a da escola oriental, onde o fundamental é o talento natural do origamista, que conta com sua experiência, instinto e domínio do imprevisto e a da escola ocidental que se baseia no estudo matemático das dobras do papel, perseguindo a exatidão da forma e das proporções com auxílio, inclusive, de programas de computador mas focando também no aspecto artístico.
Atualmente, muitos origamistas são apreciados e reconhecidos no mundo inteiro, elevando o Origami ao status de Arte.
Admiro, principalmente, as obras de Hojyo Takashi, que consegue unir perfeitamente técnica e sensibilidade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 

Fontes das Imagens: Google
                                        www.comofazerorigami.com.br
                                        www2.ibb.unesp.br
                                        http://origami.gr.jp

 

 

Por Aline Andra
 
  

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